Celebrações iniciam-se na Noite de Natal, com abertura da Porta Santa na Basílica de São Pedro
Cidade do Vaticano, 23 out 2024 (Ecclesia) – A Igreja Católica vai iniciar na próxima Noite de Natal a celebração do terceiro Jubileu dos últimos 25 anos, um Ano Santo convocado pelo Papa Francisco que propõe um cessar-fogo global e o perdão das dívidas aos países pobres.
“Que o primeiro sinal de esperança se traduza em paz para o mundo, mais uma vez imerso na tragédia da guerra”, escreve Francisco, na bula de proclamação do 27.º jubileu ordinário da história da Igreja Católica, intitulada ‘Spes non confundit’ (A esperança não desilude).
O Papa lamenta que a humanidade se mostre “esquecida dos dramas do passado” e está de “novo submetida a uma difícil prova, que vê muitas populações oprimidas pela brutalidade da violência”.
Francisco reforça a proposta de que, “com o dinheiro usado em armas e noutras despesas militares, constituamos um Fundo global para acabar de vez com a fome e para o desenvolvimento dos países mais pobres”.
Tendo em vista o próximo Ano Jubilar, o Papa dirige-se aos responsáveis das nações mais ricas, para que “reconheçam a gravidade de muitas decisões tomadas e estabeleçam o perdão das dívidas dos países que nunca poderão pagá-las”.
Mais do que magnanimidade, é uma questão de justiça, agravada hoje por uma nova forma de desigualdade de que se vai tomando consciência: com efeito, há uma verdadeira ‘dívida ecológica’, particularmente entre o Norte e o Sul, ligada a desequilíbrios comerciais com consequências no âmbito ecológico e com o uso desproporcionado dos recursos naturais efetuado, historicamente, por alguns países”.
O Papa destaca que este ano jubilar acontece num “aniversário muito significativo para todos os cristãos”, em que se completam 1700 anos da celebração do “primeiro grande Concílio ecuménico”, em Niceia, convidando as Igrejas cristãs a definir uma data comum para a Páscoa,
“Seja isto um apelo a todos os cristãos do Oriente e do Ocidente para darem resolutamente um passo rumo à unidade em torno duma data comum para a Páscoa. Vale a pena recordar que muitos desconhecem as diatribes do passado e não entendem como possam subsistir divisões a tal propósito”, escreve.
A bula de proclamação do Jubileu 2025 defende uma amnistia para os presos, como sinal de “esperança”, e anunciou que abrir uma porta santa numa cadeia.
“Proponho aos governos que, no Ano Jubilar, tomem iniciativas que restituam esperança aos presos: formas de amnistia ou de perdão da pena, que ajudem as pessoas a recuperar a confiança em si mesmas e na sociedade; percursos de reinserção na comunidade, aos quais corresponda um compromisso concreto de cumprir as leis”, indica o Papa.
A 24 de dezembro, pelas 19h00 (18h00 em Lisboa), Francisco preside à Missa, com abertura da Porta Santa do Jubileu 2025, na Basílica de São Pedro.
Dois dias depois, o Papa vai abrir uma porta santa e presidir à Missa na prisão de Rebibbia, em Roma, pelas 09h00 locais, num gesto inédito na história dos Jubileus
A 29 de dezembro, em todas as catedrais, os bispos diocesanos são convidados a celebrar a Missa como abertura solene do ano jubilar.
A conclusão solene do Jubileu, com o encerramento da porta santa da Basílica de São Pedro, no Vaticano, vai acontecer na solenidade da Epifania do Senhor, a 6 de janeiro de 2026.
O Papa Bonifácio VIII instituiu, em 1300, o primeiro ano santo – com recorrência centenária, passando depois, segundo o modelo bíblico, cinquentenária e finalmente fixado de 25 em 25 anos.
OC
Francisco destaca um dos aspetos tradicionais do ano jubilar, o da indulgência – definida no Código de Direito Canónico (cf. cân. 992) e no Catecismo da Igreja Católica (n.º 1471) como “a remissão, perante Deus, da pena temporal devida aos pecados cuja culpa já foi apagada” – cujas condições específicas vão ser definidas pela Penitenciaria Apostólica.
O Papa espera que o Jubileu 2025 possa ser uma “experiência repleta de perdão”, com a ajuda da “Reconciliação sacramental”, recordando que, no Jubileu extraordinário da Misericórdia (2015-2016), primeiro do seu pontificado, instituiu os missionários da misericórdia, os quais “continuam a desempenhar uma missão importante”. “Que eles exerçam o seu ministério também durante o próximo Jubileu, restituindo esperança e perdoando todas as vezes que um pecador se dirija a eles de coração aberto e espírito arrependido. Continuem a ser instrumentos de reconciliação, e ajudem a olhar para o futuro com a esperança do coração que provém da misericórdia do Pai”, aponta. |