Jubileu 2025: Vaticano divulga rito de abertura da Porta Santa, tradição com 600 anos

Papa vai ser acompanhado por representantes de católicos dos cinco continentes, ao entrar na Basílica de São Pedro

Cidade do Vaticano, 23 dez 2024 (Ecclesia) – O Papa vai presidir esta terça-feira no Vaticano, pelas 19h00 (menos uma em Lisboa) à Missa com rito de abertura da Porta Santa, tradição com 600 anos, que marca o início solene do Jubileu 2025.

“O rito de passagem pela Porta Santa tem por objetivo exprimir, para cada peregrino da esperança, o desejo de um encontro com Cristo e com os membros do seu corpo que é a Igreja”, refere o livro da celebração, divulgado pela Santa Sé.

Segundo o Vaticano, a adoção de uma Porta Santa é atribuída ao Papa Martinho V que, por ocasião do Jubileu Extraordinário de 1423, a abriu para entrar na Basílica de São João de Latrão, em Roma.

Já no Vaticano, a presença desta tradição é atestada para o Jubileu de 1450, com uma porta esculpida na parede do fundo da capela dedicada por João VII à Virgem Maria, no local onde ainda hoje se encontra.

O Departamento de Celebrações Litúrgicas do Sumo Pontífice (Santa Sé) indica que Alexandre VI, em 1500, deu relevo a este sinal inaugural do Jubileu com um ritual que se manteve praticamente inalterado ao longo dos séculos, até 2000 – a remoção da parede de tijolo foi substituída pela abertura das duas portas da porta de bronze já em 1983.

A celebração da Noite de Natal começa no exterior da Basílica de São Pedro, com um momento de preparação que inclui a leitura de três textos do Antigo Testamento – livros do Génesis, Isaías e Miqueias – que “anunciam a vinda de Cristo Salvador”.

A abertura da Porta Santa acontece, tradicionalmente, na celebração do nascimento de Jesus, incluindo o “anúncio do Natal”.

Antes da Missa, decorre o rito que marca o início do Jubileu, “tempo da misericórdia e do perdão”, iniciando-se com uma antífona, seguida da oração do Papa, para que “se abra a cada homem e mulher o caminho da esperança que não desilude”.

“Irmãos e irmãs, no Natal do Senhor, luz da luz, esperança inextinguível, preparamo-nos para atravessar com fé a Porta Santa. Os passos do nosso caminho são os passos de toda a Igreja, peregrina no mundo e testemunha da paz”, refere o texto.

Após a leitura de uma passagem do Evangelho segundo São João, Francisco aproxima-se da Porta Santa, altura em que decorre o diálogo explicativo da abertura ritual: “Esta é a porta do Senhor: por ela entram os justos. Abri-me as portas da justiça: entrarei nelas para dar graças ao Senhor” (Salmo 118).

O Papa vai abrir a porta em silêncio, recolhendo-se em oração, seguindo-se o toque dos sinos.

Francisco entra na Basílica acompanhado por representantes de católicos dos cinco continentes, ao som do hino jubilar, “Peregrinos da Esperança”.

A celebração do Natal, que no Cristianismo assinala o nascimento de Jesus, inicia-se um pouco por todo o mundo na noite anterior ao dia 25 de dezembro, seguindo uma tradição que remonta aos primórdios da Igreja de Roma.

A festa do Natal assumiu uma forma definida no séc. IV, quando tomou o lugar da festa romana do ‘Sol invencível’, no mesmo dia 25 (VIII Kalendas Januarias: no oitavo dia antes do dia 1 de janeiro), uma data com um simbolismo próprio.

Ainda hoje, na liturgia católica, se recita a chamada “calenda”, como anúncio do nascimento de Jesus, que a oração coloca na época da 194ª Olimpíada e no ano 752 da fundação de Roma, entre outras referências históricas.

Depois da Missa, no Vaticano, vai decorrer o evento ‘Note del Natale – Speciale Giubileo’ (Notas de Natal – Especial Jubileu), uma celebração cultural com transmissão desde a Praça de São Pedro, com a presença de Andrea Bocelli, Claudio Baglioni, Giovanni Allevi, o coro da Capela Juliana da Basílica de São Pedro, a violinista Anastasiya Petryshak e o bailarino Roberto Bolle.

OC

O Jubileu, com raízes no ano sa­bá­tico dos judeus, explica o Vaticano, “consiste num perdão geral, uma indulgência aberta a todos, e na possibilidade de renovar a relação com Deus e o próximo”.

Esta indulgência implica obras penitenciais, incluindo peregrinações e visitas a igrejas.

Ao longo da história da Igreja, foram vários os anos jubilares, cuja lista se apresenta em seguida, com referência aos Papas que o convocaram e presidiram

1300: Bonifácio VIII

1350: Clemente VI

1390: Proclamado por Urbano VI, presidido por Bonifácio IX

1400: Bonifácio IX

1423: Martinho V

1450: Nicolau V

1475: Proclamado por Paulo II, presidido por Sisto IV

1500: Alexandre VI

1525: Clemente VII

1550: Proclamado por Paulo III, presidido por Júlio III

1575: Gregório XIII

1600: Clemente VIII

1625: Urbano VIII

1650: Inocêncio X

1675: Clemente X

1700: Aberto por Inocêncio XII, encerrado por Clemente XI

1725: Bento XIII

1750: Bento XIV

1775: Proclamado por Clemente XIV, presidido por Pio VI

1825: Leão XII

1875: Pio IX

1900: Leão XIII

1925: Pio XI

1933: Pio XI

1950: Pio XII

1975: Paulo VI

1983: João Paulo II

2000: João Paulo II

2016: Francisco

2025: Francisco

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