Vigília ecuménica evocou migrantes, vítimas da guerra e proteção da natureza
Octávio Carmo, enviado da Agência ECCLESIA ao Vaticano
Cidade do Vaticano, 30 set 2023 (Ecclesia) – Jovens de vários países apresentaram hoje, no Vaticano, o seu testemunho sobre o caminho sinodal, o impacto da violência e a defesa da natureza, durante a vigília ecuménica ‘Together’ (juntos), pela assembleia geral do Sínodo dos Bispos.
Ágata, da Indonésia, representou o órgão consultivo internacional da juventude, criado pelo Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida, como fruto do Sínodo sobre a Juventude (2018).
“Tornamo-nos testemunhas de uma criatividade animadora, através da forma como as equipas sinodais ouviram e comunicaram as vozes de todos, especialmente dos mais pobres e das periferias”, disse aos participantes na celebração, reunidos na Praça de São Pedro.
Evocando o percurso do processo sinodal lançado em 2021, a jovem indonésia agradeceu “a todos os que, em todo o mundo, participaram na consulta, em especial aos jovens e a todos os que são a força motriz do processo”.
Emílio, do Líbano, apresentou a sua experiência pessoal de contacto com familiares e amigos de várias Igrejas.
“Não há sinodalidade sem ecumenismo e não há ecumenismo sem sinodalidade. Ambos radicam na dignidade batismal de todo o Povo de Deus”, declarou.
Tilen, da Eslovénia, apontou à necessidade de “crescer como Igreja de escuta, de encontro e de diálogo, para irradiar comunhão e ser cada vez mais sinal e instrumento da unidade de toda a humanidade”.
“Este processo de escuta deu-nos a oportunidade de contemplar verdadeiramente a ação do Espírito presente na diversidade das Igrejas locais. Agradecemos os frutos já recebidos e nascidos durante as etapas diocesana, nacional e continental”, prosseguiu.
A oração comunitária na Praça de São Pedro incluiu momentos de escuta da Palavra de Deus, louvor e intercessão, cânticos de Taizé e tempos de silêncio, sob a presidência do Papa e na presença do patriarca ecuménico de Constantinopla (Igreja Ortodoxa), Bartolomeu, do arcebispo de Cantuária (Igreja Anglicana), Justin Welby, e de outros responsáveis de Igrejas e comunidades cristãs.
Os participantes rezaram pelo “dom da paz”, após o testemunho de dois jovens com experiência de deslocação forçada: Daniela, da Colômbia, e Wael, da Síria.
Os dois trabalham agora no Serviço Jesuíta aos Refugiados (JRS), num escritório internacional sediado em Roma.
A assembleia foi convidada a recitar a oração final de Fratelli Tutti, encíclica publicada pelo Papa em 2020, “em comunhão com todas as vítimas da guerra e da violência, especialmente na Ucrânia, Síria, Mianmar, Iraque, Etiópia, Sudão, Iémen, Colômbia, Venezuela, Nicarágua, Haiti, Kivu, Sahel, Somália e em todo o mundo”.
Simbolicamente, uma cora de flores e um colete salva-vidas foram colocados aos pés do Crucifixo de São Damião.
A cerimónia desenvolveu-se em torno de quatro dons: “gratidão pelo dom da unidade e pelo caminho sinodal, pelo dom do outro, pelo dom da paz e pelo dom da Criação”.
O programa evocou ainda o ‘Tempo da Criação’, iniciativa de oração e ação ecuménica que decorre até 4 de outubro, festa de São Francisco de Assis.
Um “rio” simbólico, sob a forma de uma bandeira com cerca de 10 metros de comprimento, foi apresentado por representantes do Sínodo, refugiados e pessoas vulneráveis.
“Enquanto damos graças a Deus pelo dom da Criação, reconheçamos também como não conseguimos cuidar dela, provocando uma crise ecológica em diversas dimensões: alterações climáticas e suas consequências nas populações vulneráveis, diminuição da biodiversidade, acumulação de poluição tóxica no ar, água no solo. Tudo isto representa uma séria ameaça para as gerações vindouras e alimenta uma ansiedade ecológica global que afeta os mais jovens e abre caminho a mais conflitos”, indicaram os promotores da celebração.
No início da tarde de sábado, a Basílica de São João de Latrão, em Roma, acolheu uma oração de louvor e adoração, seguida de uma peregrinação a pé até ao Vaticano.
Os participantes estiveram reunidos em vários ateliês, para “ouvir refugiados, falar sobre suas experiências, aprender com outras crenças e religiões, visitar o trabalho das missões da cidade com pessoas marginalizadas, reconhecer Cristo na diversidade das tradições, participar em mesas redondas ecuménicas, prestar mais atenção à Criação”.
Cerca de 4 mil jovens de 50 países, incluindo Portugal, e das várias tradições cristãs permanecem em Roma, até domingo à tarde, sendo alojados pelas paróquias locais.
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