Padre Paulo Terroso apresentou no Conselho Nacional da Pastoral Juvenil os desafios da Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos

Braga, 25 mai 2025 (Ecclesia) – O padre Paulo Terroso, da Arquidiocese de Braga, apresentou aos responsáveis de pastoral juvenil em Portugal a reflexão ‘Por uma Igreja Sinodal’, a partir do documento final da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, no conselho nacional.
“Fala-se muito de jovens como futuro, mas o importante é mesmo falar nos jovens como o presente da Igreja. Uma das coisas fundamentais, base do sínodo, são as relações, e eu creio que isto tem muito a ver com os jovens, a forma como nós anunciamos Cristo, isto passa pela relação, pela amizade, pelo companheirismo, um a um, não me parece de massas”, afirmou o padre Paulo Terroso, este sábado, em declarações à Agência ECCLESIA.
O sacerdote português, que integrou o grupo dos assistentes e colaboradores do Sínodo dos Bispos dedicado à sinodalidade, acrescentou que quando se fala da conversão das relações, “é esta atenção ao outro, a escutar, porque uma Igreja sinodal é uma Igreja que escuta antes de falar”, perceber cada um e “tornar presente Cristo”.
“É esta amizade, a relação entre nós, padres, jovens, jovens entre si, que precisa de ser cuidada. Este acompanhamento que vai não tanto de uma autoridade que ensina, nem sequer de um paternalismo, mas de alguém que se faz companheiro de viagem.”
Para o padre Paulo Terroso a “atenção aos jovens”, hoje, passa também por entender como eles compreendem “o mundo e a questão social” – o emprego, comprar uma casa, um salário justo -, questões às quais estão mais sensíveis como a “ecológica, ao uso desregulado das redes sociais”, o viverem “numa bolha ou alienados daquilo que é a realidade”, ou incapacidade de estabelecerem “relações saudáveis uns com os outros”.
“Tudo questões que a Pastoral Juvenil deverá estar atenta. Termos uma Pastoral Juvenil significa que há um olhar, um cuidado para esta faixa etária da vida”, realçou.
O padre Paulo Terroso, à margem do Conselho Nacional da Pastoral Juvenil, explicou que um dos aspetos que ia sublinhar era precisamente que a pastoral juvenil pudesse, para além da questão da relação, “também estabelecer itinerários de formação”.
“Essa questão da formação, desde a primeira fase da auscultação, até agora a fase celebrativa, nestas duas assembleias, esteve sempre presente. Parece-me que são necessários itinerários de formação dos jovens, não querendo dizer o que é que a pastoral juvenil deve fazer, é uma dimensão fundamental, mas também noutros tipos de pastoral”, desenvolveu.
Os participantes na XVI Assembleia do Sínodo aprovaram todos os 155 pontos do documento final, que o Papa Francisco assumiu como texto conclusivo; nesse documento final a palavra jovens aparece 12 vezes, com referências a sonhos desfeitos, o seu contributo para a renovação sinodal da Igreja, presença nos órgãos de participação, alerta para a cultura digital, as relações intergeracionais.
“Pensámos sempre que os jovens eram o futuro, mas depois é um futuro não sabemos muito bem quando; a participação dos jovens nos vários conselhos, desde o Paroquial, o Conselho Pastoral até diocesano e paroquial, passa por envolvê-los e escutá-los. Falámos de jovens em Portugal, que têm uma participação já ativa, mas em algumas igrejas, por exemplo, valoriza-se demasiado os anciãos – é o Conselho de Anciãos – e é interessante perceber, como esta Igreja é muito diversa e há dificuldades até às vezes de integração”, exemplificou o padre Paulo Terroso, reitor da Basílica dos Congregados (Braga), acrescentando que os jovens percebem que “há outras formas de viver e se relacionarem”, e percebem também “as dificuldades presentes nas suas igrejas”.
A assembleia sinodal, cuja segunda sessão decorreu em outubro de 2024, com o tema ‘Por uma Igreja sinodal: participação, comunhão, missão’, começou com a auscultação de milhões de pessoas, pelas comunidades católicas, em 2021; a primeira sessão da XVI Assembleia Geral do Sínodo decorreu em outubro de 2023.
CB/PR