Sínodo: Comunidades «não podem esperar por decisão universal» mas operacionalizar «já» o que a reflexão dos relatórios permite – padre Joaquim Santos

Diocese do Porto quer escutar os jovens, abriu candidaturas para «instituição de ministérios laicais» e divulgou relatórios sinodais para que reflexão e dinâmicas sejam continuadas

Foto: Diocese do Porto

Porto, 07 jun 2024 (Ecclesia) – O padre Joaquim Santos, da Equipa Sinodal da Diocese do Porto, afirma que as comunidades paroquiais, depois do processo de reflexão realizado, não podem ficar à espera de uma “decisão universal”, mas devem já operacionalizar iniciativas e atitudes.

“Os dois relatórios da diocese foram tornados públicos para que as comunidades não esperem por uma decisão da Igreja universal; há iniciativas que podem ser implementadas já, desde que nós queiramos fazê-lo. E o mesmo se diga do documento emanado da sessão de outubro do sínodo, porque tem propostas muito objetivas, muito concretas e imediatamente operacionalizáveis, não é preciso esperar por nenhuma revolução na Teologia para podermos trabalhar isso”, indicou o responsável à Agência ECCLESIA.

“Se há alguma nota que fica de positivo após todo este processo, que ainda está a decorrer, mas que tem todo um caminho já feito, é percebermos que os lugares de participação, mesmo que sejam aqueles institucionalizados, os conselhos, os paroquiais, ganharam uma nova visibilidade, foram valorizados e há vontade de mais – há vontade de outras instâncias de participação, de partilha e dinâmicas que nos permitam sonhar juntos o futuro da Igreja”, acrescenta.

Das 477 paróquias, o padre Joaquim Santos revela que a equipa sinodal recebeu a participação de 194 comunidades paroquiais, revelando corresponder a uma “amostragem satisfatória” tendo em conta o “tempo para desenvolver o processo” inaugural na participação alargada da Igreja.

Perante a participação diocesana, o responsável indica que neste momento o importante é dar continuidade ao que foi conseguido sobre a geração de “dinâmicas de sinodalidade, de consulta, de conversa, de troca de opiniões sobre a vida eclesial e sobre a vida das pessoas”.

O responsável regista a “alegria” e “satisfação” entre as pessoas que se sentiram convidadas a participar mas nota uma “comunicação lenta” e uma “falta de mobilização nacional” que levasse a informação às comunidades, em especial, direcionada para os que estavam fora das comunidades eclesiais.

Foto: Agência ECCLESIA/LFS

O primeiro relatório da Diocese do Porto, que contribuiu para a realização do relatório da Conferência Episcopal Portuguesa enviado para a Secretariado do Sínodo dos bispos no verão de 2022, valorizou a “participação” alargada, a “possibilidade de os cristãos conversarem sobre a vida da Igreja”.

A dimensão da “escuta e diálogo”, o “encontro das pessoas”, a “partilha de ideias, percursos de fé”, o “acolhimento alargado de uma Igreja que se abre a todos”, também a importância da formação dos leigos e dos ministérios ordenados foram temas focados na reflexão da diocese do Porto.

“Antes de fecharmos o relatório, organizamos uma Assembleia pré-sinodal que foi manifestamente insuficiente: nós guardamos uma tarde sábado pensando que seria suficiente, e foi manifestamente insuficiente para a participação e para a vontade revelada – as pessoas manifestaram e não foi possível ouvir todos”, recorda.

A sintonia entre o relatório diocesano e o relatório apresentado após a I Assembleia sinodal, em outubro no Vaticano revela, segundo o padre Joaquim Santos, uma vontade de “caminhar em conjunto” e que a fase do diagnóstico tem de abrir rumo.

“No primeiro relatório levantava-se muitas vezes a questão da linguagem na liturgia, na comunicação. Isto é sublinhado nesta segunda síntese. Também é sublinhado à questão de uma missão em cooperação, em comunhão, sendo central nesta comunhão o lugar do bispo diocesano como centro de articulação de pessoas, instituições, mas depois valorizando a corresponsabilidade diferenciada na missão de todos os membros da Igreja; a consciência de que é necessário viver a missão para lá do espaço eclesial, mais habitual, valorizando os meios de comunicação, por exemplo, e a linguagem; a valorização e cooperação entre leigos e ministros ordenados, valorizar o lugar dos ministérios laicais e avançar decididamente na instituição dos ministérios laicais, um processo já aberto na diocese do Porto; também a valorização do lugar das mulheres nas instâncias de consulta e decisão da Igreja, porque verificamos que uma boa parte da vida da igreja é animada e dinamizada por mulheres”, indica o responsável.

O padre Joaquim Santos sublinha que o processo sinodal “está a acontecer”, reconhece que “depende muito da dinâmica gerada pelas comunidades e pelos seus pastores”, mas insiste que há comunidades que “não pararam este processo e têm trabalhado nele”.

O responsável dá conta de um projeto de “escuta aos jovens”, consequência da “dinâmica vivida nos Dias na Diocese e na Jornada Mundial da Juventude Lisboa 2023” que os jovens e a Igreja diocesana não querem perder.

A entrevista ao padre Joaquim Santos sobre o decurso do processo sinodal na Diocese do Porto pode ser acompanhada no programa Ecclesia, na Antena 1, pelas 6h00.

LS

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