Sínodo: Bispos lembram cristãos perseguidos

Cidade do Vaticano, 15 out 2012 (Ecclesia) – A situação dos cristãos perseguidos em vários países, por causa da sua fé, tem estado no centro das preocupações manifestadas na 13ª assembleia geral do Sínodo dos Bispos, que decorre no Vaticano.

Os mais de 260 prelados presentes na assembleia consultiva convocada pelo Papa recordaram hoje, antes da sua 11ª reunião geral de trabalho, a crise que atinge o Mali, após terem já evocado os problemas das comunidades cristãs no Médio Oriente e na Nigéria.

D. Jean-Baptiste Tiama, presidente da Conferência Episcopal Maliana, recordou hoje na sala do Sínodo a “rebelião” que desde 17 de janeiro deste ano procura a independência do norte do país, impulsionada por “movimentos islâmicos armados” e pela rede terrorista Al-Qaeda, segundo o prelado.

O bispo diz que o movimento ocupa já dois terços do país da África ocidental, o que “ameaça a democracia e a existência de outras religiões”, visando a “introdução da lei islâmica em todo o país”.

Antes da pausa de domingo, os trabalhos sinodais tinham debatido a presença dos cristãos nos países árabes, com votos de que o início de uma “primavera cristã” que ajude o desenvolvimento da liberdade e da paz.

Os participantes aludiram em particular ao Iraque, Egito e Síria, países nos quais se verificam “agressões injustificadas contra os cristãos”, atos que “deformam o rosto do Islão moderado”.

D. Joseph Absi, bispo na Síria, explicou na sua intervenção que para muitos muçulmanos não há distinção entre Ocidente e Cristianismo, pelo que culpam estes fiéis pela “devassidão de costumes, a exploração de povos mais fracos, o desprezo pela religião”.

Os participantes tinham já manifestado a sua “proximidade e solidariedade” à Igreja nigeriana, ameaçada pela violência de grupos extremistas islâmicos.

Bento XVI almoçou na sexta-feira com os bispos presentes no Sínodo, acompanhados pelo patriarca de Constantinopla (Igreja Ortodoxa), Bartolomeu I, e o arcebispo da Cantuária (Igreja Anglicana), Rowan Williams.

O Papa falou num “mundo agnóstico”, no qual as pessoas “caminham com o desespero no coração, apesar de tudo, com uma pequena chama de fé”.

“Também no Sínodo estamos ao lado dos nossos contemporâneos em caminho”, acrescentou.

Um dos temas em debate tem sido a relação com a contemporaneidade através dos media, alvos de críticas e elogios, seja pela imagem distorcida que transmitem da Igreja como pelo potencial que podem representar para a mesma.

O arcebispo mexicano D. Carlos Aguiar Retes de Tlalnepantla, presidente do Conselho Episcopal Latino-Americano, afirmou que as novas tecnologias de comunicação podem “permitir que a vida e missão da igreja sejam conhecidas e possam entrar em diálogo com o mundo”.

Já o cardeal indiano Oswald Gracias, presidente da Federação de Conferências Episcopais da Ásia, afirmou que o desenvolvimento dos media “não pode ser visto como uma ameaça, mas sim como um presente de Deus” para espalhar a “boa nova”.

O padre Marco Tasca, ministro geral dos Franciscanos Conventuais, afirmou por sua vez que atualmente se vive numa “cultura massmediatizada”.

“A maior parte dos homens e mulheres de hoje organiza-se a sua vida laboral e afetiva, recreativa e relacional em referência aos media”, declarou.

A 13ª assembleia geral ordinária do Sínodo dos Bispos, um organismo criado por Paulo VI em 1965, tem como tema ‘A nova evangelização para a transmissão da fé cristã’ e desenrola-se até ao próximo dia 28.

OC

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