Responsável angolano destaca papel dos catequistas e das mulheres no trabalho pastoral da diocese
Octávio Carmo, enviado da Agência ECCLESIA ao Vaticano
Cidade do Vaticano, 28 out 2023 (Ecclesia) – D. Joaquim Nhanganga Tyombe, bispo do Uíje (Angola), disse hoje que a assembleia sinodal, encerrada esta tarde, confirmou a importância do “compromisso laical” que se vive já, na sua diocese, e noutros territórios da Igreja Católica.
“Estou a vir de um contexto que, certamente, precisará apenas de mais reforço, porque eu vivo concretamente do compromisso laical na evangelização”, disse à Agência ECCLESIA.
O responsável católico destacou o papel desempenhado por movimentos e associações apostólicas na sua diocese, para além dos catequistas e dos grupos de mulheres.
“Temos estado, de facto, a trabalhar nesta ideia de colaboração, de participação de todos, da formação dos conselhos, da gestão um pouco mais partilhada das comunidades e das paróquias descentralizadas”, precisou D. Joaquim Nhanganga Tyombe.
Os trabalhos da primeira sessão da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, com o tema ‘Para uma Igreja sinodal: comunhão, participação, missão’, iniciados a 4 de outubro, encerraram-se esta tarde com a aprovação do documento de síntese; Francisco decidiu que a mesma terá uma segunda etapa, em 2024.
O bispo angolano considerou que o Sínodo foi “uma graça e uma confirmação no verdadeiro sentido da palavra” da experiência eclesial no Uíje, onde se procura uma pastoral mais “comunitária” e menos “clerical”.
“A expectativa é enorme entre os nossos fiéis, que são pessoas simples e, sobretudo, as mulheres”, apontou.
O responsável evocou o caminho aberto por D. Francisco da Mota Mourisca, missionário português e primeiro bispo do Uíje – falecido a 17 de março deste ano, em Angola, aos 94 anos de idade – na valorização da figura dos catequistas e da participação feminina.
“A pastoral feminina da nossa diocese, chamada grupo de Ajuda Mútua, deve constituir, de facto, 20 a 30% dos fiéis da nossa diocese”, sublinhou.
D. Joaquim Nhanganga Tyombe, representante da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé nesta assembleia sinodal, fala dos catequistas como uma “força enorme”.
“Tenho 109 catequistas gerais, que quase que funcionam como diáconos permanentes e, alguns deles, são como que párocos. Há áreas que podem ter mais de 12 centros catequéticos e controlam uma geografia muito grande”, relata.
Estes catequistas lideram a comunidade e passam por três anos de formação teológica.
O bispo do Uíje sublinha a importância desta formação, apelando à partilha de “bens espirituais e temporais” entre as dioceses mais ricas e as mais pobres, para poder construir uma “Igreja sinodal”.
O responsável angolano destaca o papel dos media, em particular da rádio, “quer para a vida da piedade, a vida da evangelização, quer para aspetos políticos, económicos e sociais”.
Este trabalho, acrescenta, enfrenta “dificuldades de investimento no local, quer materiais, quer de recursos humanos qualificados”.
“A formação constituirá um grande desafio para este modo de ser da Igreja sinodal: a formação em geral, a começar sobretudo pelos agentes da pastoral, pelos alunos e formadores nos seminários e casas religiosas”, indica D. Joaquim Nhanganga Tyombe.
“A Igreja vai, digamos assim, renovar toda uma cultura, toda uma mentalidade”, sustenta.
A assembleia sinodal, presidida pelo Papa, teve 365 votantes, entre eles 54 mulheres, a quem se somam, sem direito a voto, 12 representantes de outras Igrejas e comunidades cristãs (delegados fraternos), oito convidados especiais e colaboradores da Secretaria-Geral do Sínodo.
O Vaticano adiantou que os participantes na segunda sessão desta assembleia sinodal, em 2024, serão os mesmos que estiveram na primeira.
OC