Sínodo: Arcebispo de Paris rejeita ideia de «guerra de cardeais»

Cidade do Vaticano, 06 out 2014 (Ecclesia) – O arcebispo de Paris e presidente-delegado do Sínodo dos Bispos 2014, D. André Vingt-Trois, disse hoje no Vaticano que a assembleia extraordinária é diferente de um “debate parlamentar”, em que se procura a maioria, e rejeitou a ideia de uma ‘guerra de cardeais’.

Em conferência de imprensa, após a primeira sessão de trabalhos sinodais sobre a família, o cardeal francês sublinhou que o objetivo não é “obter uma maioria”, mas “trabalhar para fazer crescer uma vontade comum na Igreja”.

D. André Vingt-Trois assumiu a necessidade de promover um “trabalho de fundo para construir o consenso mais denso e profundo possível” em relação aos temas da família.

Neste contexto, o responsável negou que exista conflito entre cardeais após os debates preparatórios para este Sínodo, em particular no que diz respeito à possibilidade de Comunhão para os divorciados em segunda união, que foi proposta durante o consistório de fevereiro pelo cardeal Walter Kasper.

“Não estou certo de partilhar completamente as conclusões práticas do cardeal Kasper, mas não tenho qualquer animosidade contra a sua iniciativa nem contra ele”, declarou o cardeal-arcebispo de Paris.

D. Bruno Forte, secretário-especial do Sínodo dos Bispos, destacou por sua vez o impacto da temática proposta pelo Papa e a participação de 84% das conferências episcopais de todo o mundo no inquérito preparatório.

Segundo o arcebispo italiano, Francisco “acredita fortemente no valor da sinodalidade” e esta assembleia vai servir para mais do que repetir aos católicos “o que já foi dito”.

O relator-geral do Sínodo, cardeal Péter Erdo, aludiu a algumas mudanças metodológicas como, por exemplo, a adoção do italiano como “língua oficial”, em vez do latim, durante os trabalhos.

O cardeal húngaro precisou, por outro lado, que o debate sobre propostas pastorais exige um “diálogo teológico” sobre as mesmas.

Até sexta-feira, os participantes no Sínodo vão ter duas sessões de trabalho (congregações gerais) de manhã e à tarde, seguidas de debates livres, uma novidade introduzida no pontificado do Papa emérito Bento XVI.

Os dias de sábado e de domingo vão ser dedicados à preparação do relatório intermédio (‘relatio post disceptationem’), a que se seguem de trabalhos em grupos linguísticos entre os dias 13 e 16 deste mês.

Os trabalhos da tarde do dia 16 de outubro e do dia seguinte vão centrar-se na elaboração do relatório final (‘relatio Synodi’) e da mensagem do Sínodo.

A terceira assembleia geral extraordinária deste organismo consultivo vai concluir-se a 19 de outubro com uma Missa presidida pelo Papa Francisco, durante a qual decorrerá a beatificação de Paulo VI (1897-1978).

A assembleia sinodal é presidida pelo Papa, que escolhe um grupo de presidentes-delegados, para dirigir as sessões de trabalho e que em 2014 são os cardeais D. André Vingt-Trois, arcebispo de Paris; D. Luis Antonio G. Tagle, arcebispo de Manila; e D. Raymundo Damasceno Assis, arcebispo de Aparecida.

A comissão para a redação da mensagem final é presidida pelo cardeal Gianfranco Ravasi, que lidera o Conselho Pontifício da Cultura, com vice-presidência de D. Víctor Manuel Fernández, reitor da Universidade Pontifícia Católica Argentina.

Além do presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, D. Manuel Clemente, as Igrejas lusófonas estão representadas por membros do Brasil, Angola, Moçambique e Timor-Leste.

OC

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