Sétima reunião geral contou com testemunho de casal brasileiro sobre importância da sexualidade
Cidade do Vaticano, 09 out 2014 (Ecclesia) – O cardeal-arcebispo de Paris, D. André Vingt-Trois, lamentou hoje durante o Sínodo dos Bispos sobre a família que muitos casais católicos tenham perdido a noção de “pecado” no uso de contracetivos, rejeitados pelo magistério da Igreja.
“Há casais que muitas vezes não julgam que o uso de métodos anticoncetivos seja um pecado e, como tal, tendem a não fazer disso uma matéria de Confissão e assim receber a Comunhão sem problemas”, declarou o presidente da Conferência Episcopal Francesa, introduzindo a congregação geral desta manhã.
A sétima sessão de trabalhos da assembleia extraordinária, que reúne 253 pessoas até ao próximo dia 19, foi dedicada à terceira parte do documento de trabalho, relativa à ‘abertura à vida’ e à ‘responsabilidade educativa’.
“Muitos são os que têm dificuldade em compreender a diferença entre os métodos naturais de regulação da fertilidade e a contraceção”, sustentou o cardeal Vingt-Trois, um dos três presidentes-delegados desta assembleia sinodal.
Segundo o responsável, é necessário “encorajar uma mentalidade aberta à vida” para fazer frente à “mentalidade contracetiva e à difusão de um modelo antropológico individualista” que têm levado a uma “forte quebra demográfica” em várias regiões do mundo.
O cardeal de Paris deu a palavra a Arturo e Hermelinda Zamberline, católicos brasileiros casados há 41 anos que coordenam atualmente as Equipas de Nossa Senhora no país lusófono.
A intervenção sublinhou a importância da sexualidade no casamento, referindo que “o ato sexual é legítimo, querido e abençoado por Deus, e o prazer que dele decorre contribui para a alegria de viver e para a estruturação sadia da personalidade”.
“Os casais que fazem amor são os que expressam com o corpo o que lhes vai no coração. Para chegar à harmonia, é preciso saber cultivar o desejo e até mesmo um erotismo sadio”, acrescentaram.
Os responsáveis brasileiros abordaram também a questão da contraceção para “admitir sem medo que muitos casais católicos, mesmo os que procuram viver seriamente o seu matrimónio, não se sentem obrigados a usar apenas os métodos naturais”.
“O controlo da natalidade através dos métodos naturais teoricamente é bom; porém, na cultura atual parece-nos carecer de praticidade. Casais, principalmente jovens, vivem um ritmo de vida que não lhes permite praticar esses métodos”, alertaram.
Arturo e Hermelinda Zamberline pediram aos bispos que o Sínodo ofereça uma “orientação fácil e segura” sobre a ‘Humanae Vitae’ (1968), a encíclica de Paulo VI que consagrou a doutrina católica sobre a regulação da natalidade, pedindo também aos sacerdotes que a conheçam e divulguem.
Esta orientação, concluíram, deve responder “às exigências do mundo atual” sem “ferir o essencial da moral católica, que precisará de ser amplamente difundida”.
OC