Sínodo africano vai centrar-se na reconciliação e justiça social

O papel da Igreja, enquanto promotora da paz, da reconciliação e da justiça social, estará no centro do próximo Sínodo Episcopal sobre a África. O anúncio foi feito por Bento XVI durante a eucaristia de encerramento do Sínodo sobre a Palavra de Deus. África vai reunir os seus bispos em Outubro de 2009. Em declarações ao jornal «L’Osservatore Romano», o secretário-geral do Sínodo, D. Nikola Eterovic, explicou que o tema escolhido pelo Papa para a próxima reunião sinodal é «A Igreja em África, ao serviço da reconciliação, da justiça e da paz. ‘Vós sois o sal da terra… Vós sois a luz do mundo’ (Mt 5, 13-14)». O tema para este Sínodo, explicou o prelado, “surgiu entre o episcopado africano nos últimos anos do pontificado de João Paulo II», que, a 13 de Novembro de 2004, acolheu a proposta. Em junho de 2005, Bento XVI anunciou a sua intenção de convocar o Sínodo. Este Sínodo, acrescentou, vai dar continuidade ao primeiro, realizado em 1994. “Será um Sínodo autenticamente africano que, vai contribuir, como já aconteceu no anterior, para estimular a consciência da unidade de cada parte do continente e para favorecer o dinamismo evangélico”. Os católicos africanos terminaram de estudar os Lineamenta, publicados em 2006 em vários idiomas, inclusive em árabe e em suaíli, para preparar o Sínodo. As respostas já chegaram à Santa Sé. Está prevista, para breve, uma reunião entre o Conselho Especial para África e a secretaria geral do Sínodo, para preparar a primeira redacção do nstrumentum Laboris. Este texto, será entregue pelo Papa aos bispos africanos em Março, durante a sua viagem, recentemente anunciada, aos Camarões e Angola. O prelado explicou que os Lineamenta «têm um carácter fortemente cristológico, porque Jesus é o nosso reconciliador, a nossa justiça e a nossa paz”, e que ainda que tenham principalmente um conteúdo pastoral e de evangelização, tratam também dos diversos problemas que o continente atravessa. Entre outras questões, serão ainda abordados “os conflitos armados, o desequilíbrio entre ricos e pobres, o tráfico de armas, a pobreza, a fome, o respeito ao direito das minorias, o papel da mulher, a exploração selvagem dos recursos e os refugiados”. Segundo o prelado, a reconciliação “é uma necessidade prioritária em África, onde não faltam os progressos, mas também os problemas. Sem esta paz verdadeira em Cristo, não pode haver nenhum desenvolvimento cultural ou social. A Igreja deve ser uma voz profética que convide à reconciliação, à justiça e à paz”. Um continente em efervescência D. Eterovic afirmou que a Igreja em África “é hoje uma realidade em pleno desenvolvimento”, tendo para isso, contribuído o Sínodo de 1994. “Nas reuniões, surgiram vários dados significativos. Os bispos aumentaram 18% desde 1994, e os sacerdotes diocesanos, 58%”. Este “crescimento excepcional”, como o definiu D. Eterovic, é muito mais importante “se tivermos em conta que no começo do século XX os católicos não chegavam a 2 milhões, e hoje são 154 milhões, 17% da população africana”. O prelado destacou também “a vivacidade” das comunidades eclesiais. “A prática religiosa é alta, especialmente a participação na missa dominical. Em alguns países, a prática religiosa ronda os 80%”, o que explica também o elevado número de vocações ao sacerdócio e à vida consagrada. “Em síntese, África já não é terra de missão em sentido passivo, mas ela mesma envia missionários, tanto para o continente como para o mundo inteiro”. Redacção/Rádio Vaticano

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