Sínodo 2024: Trabalhos entram na reta final, com alertas contra «lógica de partidarismo e de divisão»

Cardeal Mario Grech e frei Timothy Radcliffe deixaram mensagens aos participantes, em dia de apresentação do projeto de documento final

Foto: Agência ECCLESIA/OC

Cidade do Vaticano, 21 out 2024 (Ecclesia) – O secretário-geral do Sínodo dos Bispos alertou hoje, no Vaticano, contra a “lógica de partidarismo e de divisão”, apelando a um trabalho de “comunhão” na reta final da segunda sessão da Assembleia Sinodal.

“Jesus rejeita qualquer lógica de partidarismo e de divisão na procura da comunhão entre irmãos”, referiu o cardeal Mario Grech, na homilia da Missa a que presidiu esta manhã, na Basílica de São Pedro.

A celebração reuniu os participantes na XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, que hoje vivem um dia de reflexão, após a apresentação do projeto de documento final, que vai ser votado no próximo sábado.

O cardeal Grech aludiu aos “frutos de um longo caminho iniciado em outubro de 2021”, convidando todos a identificar “caminhos novos”.

“Se escutarmos a voz do Espírito, a conclusão desta assembleia sinodal não será o fim de algo, mas um novo começo”, apontou.

Podemos ficar satisfeitos, sem procurar novos caminhos para que a nossa messe se multiplique ainda mais; também podemos correr o risco de ficar fechados dentro dos limites conhecidos, sem continuar a alargar o espaço da nossa tenda”.

 

Após a celebração eucarística, os participantes reuniram-se em congregação geral, no Auditório Paulo VI, introduzida pela reflexão do padre Timothy Radcliffe, assistente espiritual da assembleia sinodal.

“Mesmo que alguns estejam desiludidos com o resultado do Sínodo, a providência de Deus está a atuar nesta Assembleia, conduzindo-nos ao Reino de formas que só Deus conhece”, indicou o futuro cardeal.

Para o teólogo da Ordem Dominicana, é necessário “pensar, falar e ouvir sem medo”, assumindo a “discordância”.

“Muitas vezes, não fazemos ideia de como a providência de Deus está a atuar nas nossas vidas. Fazemos o que acreditamos ser correto e o resto está nas mãos do Senhor. Este é apenas um Sínodo. Haverá outros. Não temos de fazer tudo, apenas tentar dar o próximo passo”, acrescentou.

Fotos: synod.va/Lagarica

O padre Radcliffe alertou contra os “tambores da ideologia, seja ela de esquerda ou de direita”, pedindo atenção à voz do Espírito Santo.

A assembleia sinodal, que decorre até 27 de outubro, com o tema ‘Por uma Igreja sinodal: participação, comunhão, missão’, começou com a auscultação de milhões de pessoas, pelas comunidades católicas, em 2021; a primeira sessão da XVI Assembleia Geral do Sínodo decorreu em outubro de 2023.

Esta sessão da Assembleia Sinodal tem 368 membros com direito a voto, dos quais 272 são bispos; à imagem do que aconteceu 2023, mais de 50 votantes são mulheres, entre religiosas e leigas de vários países.

A eles somam-se, sem direito a voto, 16 representantes de outras igrejas e comunidades cristãs (delegados fraternos), convidados especiais e colaboradores da Secretaria-Geral do Sínodo.

O Sínodo dos Bispos, instituído por São Paulo VI em 1965, pode ser definido, em termos gerais, como uma assembleia de representantes dos episcopados católicos de todo o mundo, a que se juntam peritos e outros convidados, com a tarefa ajudar o Papa no governo da Igreja.

OC

A Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) está representada pelo seu presidente, D. José Ornelas, e por D. Virgílio Antunes, vice-presidente do organismo.

O cardeal Américo Aguiar, bispo de Setúbal, está presente na segunda sessão da Assembleia Sinodal por nomeação do Papa Francisco; já o cardeal Tolentino Mendonça participa na sua condição de prefeito do Dicastério para a Cultura e Educação (Santa Sé).

Além dos quatro responsáveis portugueses, participam também nesta segunda sessão, o padre Miguel de Salis Amaral, docente da Universidade Pontifícia da Santa Cruz, em Roma, integrando o grupo de peritos (teólogos, facilitadores, comunicadores); o padre Paulo Terroso, da Arquidiocese de Braga, e Leopoldina Simões, assessora de imprensa, no grupo dos “assistentes e colaboradores”.

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Agência ECCLESIA

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