Sínodo 2024: «Tema da mulher foi muito, muito debatido» – Cristina dos Anjos (c/vídeo)

Leiga brasileira considera que pontificado de Francisco «tem sido muito importante» para a promoção de lideranças femininas

Cidade do Vaticano, 26 out 2024 (Ecclesia) – Cristina dos Anjos, membro da Assembleia Sinodal que decorre no Vaticano, afirmou que “o tema da mulher foi muito, muito debatido”, e revela que partilhou com o Papa “as alegrias, os sonhos, preocupações” da América Latina e Caraíbas.

“O Papa Francisco, o papado dele, tem sido muito importante para as mulheres, ele vem afirmando a importância das mulheres, o lugar da mulher nessa Igreja também. E ele faz isso muito por gestos, o Papa Francisco busca, através dos gestos concretos, dizer de tudo isso, desde a possibilidade de ter mulheres hoje no seu ministério”, disse à Agência ECCLESIA.

Cristina dos Anjos acrescenta que o Papa “primeiro” colocou as mulheres neste Sínodo dos Bispos e participam “com voz, com voto”, para além de se “abrir para conversar”.

A leiga brasileira participa na Assembleia Sinodal, com direito a voto, como testemunha do processo sinodal no continente americano, e, durante esta segunda sessão, esteve numa audiência com Francisco, com as mulheres que estão no Sínodo.

“Foi muito boa, um ambiente muito tranquilo, muito amigável, onde a gente pôde trazer as nossas preocupações. Eu, por exemplo, tive a possibilidade de falar pelas mulheres da América Latina e Caribe, trazendo as nossas alegrias, os nossos sonhos, mas também as nossas preocupações. A gente entende que a mulher participa, ela está aí, mas o lugar de liderança também é muito importante”, desenvolveu.

Foto: Agência ECCLESIA/OC

Segundo Cristina dos Anjos a presença e os gestos do Papa Francisco “em relação a mulher tem sido muito importante na Igreja”, e afirma que o tema da mulher tem sido “muito, muito debatido nesse sínodo” sobre sinodalidade.

A entrevistada, da Cáritas Brasileira, entendo que o Sínodo abre uma “porta” e nesta segunda sessão percebem que “é muito mais forte esse clamor e não é só das mulheres”, o que é muito importante, porque o Sínodo está num processo “e, aos poucos, vai-se percebendo que mais e mais pessoas vão percebendo essas questões e isso é muito importante”.

Nós somos uma Igreja muito diversa, por exemplo, quando dialoga com a África, a gente sabe que as mulheres também assumem e estão assumindo papéis importantes de liderança, mas talvez a gente não consiga ter o mesmo olhar, a mesma perspetiva, talvez pela língua. Sobre a participação e liderança da mulher, nós estivemos em diálogos em que inclusive cardeais estavam dando o mesmo peso a essa reivindicação, a essa necessidade de perceber a importância dessa liderança”.

Esta sessão da Assembleia Sinodal, iniciada a 2 de outubro, tem 368 membros com direito a voto, dos quais 272 são bispos; à imagem do que aconteceu 2023, mais de 50 votantes são mulheres, entre religiosas e leigas de vários países; a eles somam-se, sem direito a voto, 16 representantes de outras igrejas e comunidades cristãs (delegados fraternos), convidados especiais e colaboradores da Secretaria-Geral do Sínodo.

Para Cristina dos Anjos “a discussão no seu conjunto” vai no sentido de dizer que “a Igreja, uma Igreja sinodal, não está para si, mas está para o mundo, é uma Igreja missionária”, por isso, “o tema dos pobres esteve muito presente, da opção preferencial pelos pobres”, e quando levam o tema das “pessoas empobrecidas”, levam também a cultura, e “com todos esses gritos dos afros, dos indígenas, dos ribeirinhos”.

Foto: Agência ECCLESIA/OC

“Quando se fala de uma Igreja que precisa ser uma Igreja que acolhe todos, a gente está falando de todos, como diz o Papa, de ‘todos, todos, todos’, também da comunidade LGBTQI+, embora não vá encontrar no texto essa sigla, mas está presente também essa preocupação”, acrescentou a responsável da Cáritas Brasileira.

A assembleia sinodal, que decorre até este domingo, com o tema ‘Por uma Igreja sinodal: participação, comunhão, missão’, começou com a auscultação de milhões de pessoas, pelas comunidades católicas, em 2021; a primeira sessão da XVI Assembleia Geral do Sínodo decorreu em outubro de 2023.

O Sínodo dos Bispos, instituído por São Paulo VI em 1965, pode ser definido, em termos gerais, como uma assembleia de representantes dos episcopados católicos de todo o mundo, a que se juntam peritos e outros convidados, com a tarefa ajudar o Papa no governo da Igreja.

OC/CB

Sínodo 2024: Participantes reúnem-se pela última vez, para leitura e votação de documento final (c/fotos e vídeo)

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