Trabalhos desenvolvem temas lançados no relatório de síntese do primeiro encontro
Cidade do Vaticano, 17 fev 2024 (Ecclesia) – A segunda sessão da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos vai decorrer de 2 a 27 de outubro de 2024, anunciou hoje o Vaticano.
A Secretaria-Geral do Sínodo comunicou a decisão do Papa sobre as datas para “continuar os trabalhos do Sínodo sobre a sinodalidade”, dedicado ao tema “Por uma Igreja sinodal: comunhão, participação e missão”.
À imagem do que aconteceu em 2023, esta sessão vai ser precedida por dois dias de retiro espiritual, de 30 de setembro a 1 de outubro.
O Vaticano apresentou em dezembro de 2023 um conjunto de orientações para os meses que precedem a segunda sessão da XVI Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos, apelando à mobilização das comunidades católicas.
Os trabalhos da primeira sessão decorreram entre 4 e 29 de outubro, tendo aprovado um documento de síntese; a segunda etapa vai decorrer com os mesmos participantes.
A Conferência Episcopal Portuguesa está representada por D. José Ornelas, presidente da CEP, e D. Virgílio Antunes, vice-presidente do organismo.
O relatório de síntese da primeira sessão da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo mostra ao longo de 40 páginas a amplitude do debate, entre consensos e questões em aberto.
O documento, publicado após mais de três semanas de trabalhos, apresenta o consenso alargado dos participantes – todos os pontos foram aprovados com, pelo menos, 80% de votos favoráveis – sobre o papel das mulheres, o ministério dos bispos ou o ecumenismo, entre outros.
“O grito dos pobres, dos que são obrigados a migrar, dos que sofrem violência ou sofrem as consequências devastadoras das mudanças climáticas ressoou entre nós, não só através dos media, mas também das vozes de muitos”, refere a abertura do documento.
Os participantes sublinham a “abertura para ouvir e acompanhar todos”, para valorizar diferenças e promover um maior envolvimento dos católicos na vida da Igreja.
A situação de migrantes, pessoas em situação de pobreza, indígenas, vítimas da guerra e de vários tipos de abuso, de racismo ou de tráfico humano são recordados pelo texto, destacando que, na Igreja, “a opção pelos pobres e descartados é uma categoria teológica antes de ser cultural, sociológica, política ou filosófica”.
O texto dedica várias passagens ao acesso das mulheres ao diaconado, a questão que mais dividiu as votações, com apelos ao aprofundamento da “pesquisa teológica e pastoral” sobre este tema, a partir das comissões criadas pelo Papa.
Outro tema abordado foi o do celibato sacerdotal, que os participantes dizem que deve “ser aprofundado”, em particular no que diz respeito à sua obrigatoriedade, como disciplina na Igreja de rito latino.
A sessão sinodal dedicou uma reflexão alargada à figura dos bispos, considerando que a sua missão deve ser exercida numa atitude de “corresponsabilidade”, dando como exemplo a questão dos abusos, em que se propõe a possibilidade de confiar tarefas judiciais a outro órgão de instituição canónica.
A formação dos futuros padres, com atenção à “educação afetiva e sexual” é uma preocupação sublinhada no documento, destacando que o sacerdócio deve ser visto como um serviço e não um “privilégio”.
Ao contrário do que aconteceu com o documento de trabalho (Instrumentum Laboris), que resultou da consulta global lançada pelo Papa, em 2021, o relatório de síntese evita referências diretas às pessoas LGBT, admitindo “questões novas” relativamente “à identidade de género e à orientação sexual”.
O Sínodo dos Bispos pode ser definido, em termos gerais, como uma assembleia de representantes dos episcopados católicos de todo o mundo, a que se juntam peritos e outros convidados, com a tarefa ajudar o Papa no governo da Igreja.
OC