Sínodo 2024: «Há que fortalecer sinais de sinodalidade e descobrir novos caminhos», diz representante brasileiro (c/vídeo)

D. Dirceu de Oliveira Medeiros mostra-se confiante na aplicação das orientações da XVI Assembleia Geral nas várias «realidades concretas»

Octávio Carmo, enviado da Agência ECCLESIA ao Vaticano

Roma, 24 out 2024 (Ecclesia) – D. Dirceu de Oliveira Medeiros, bispo de Camaçari (Brasil) disse hoje à Agência ECCLESIA que o processo lançado pelo Papa, com a XVI Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos, ajudou a valorizar “sinais de sinodalidade” nas comunidades católicas.

“A grande pergunta, a espinha dorsal da Assembleia, das duas sessões, é como ser igreja sinodal, missionária e o Papa acrescenta misericordiosa. Essa pergunta deve continuar nos inquietando, tirando o nosso sono e eu penso que nós já temos sinais de sinodalidade, nós já temos sinais de sinodalidade em nossa realidade concreta”, refere o presidente do regional Nordeste 3 da Conferência Nacional de Bispos do Brasil (CNBB).

O responsável, um dos representantes do episcopado brasileiro na XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, considera que é necessário “fortalecer esses sinais e descobrir novos caminhos”.

“A base antropológica e humana para a construção da sinodalidade é a construção da estima recíproca: se nós não nos estimamos reciprocamente como sujeitos eclesiais, a vida consagrada, o laicado, os ministros ordenados, os pobres, os jovens, nós não chegaremos a lugar nenhum”, assinala D. Dirceu de Oliveira Medeiros.

O bispo de Camaçari entende que esta dimensão de humanidade é “um elemento facilitador para que a sinodalidade floresça nas várias realidades concretas”.

“As pessoas já compreenderam que se nós cedermos à tentação do individualismo ou do entrincheiramento ideológico, nós não chegaremos a lugar nenhum”, acrescenta.

O presidente do regional Nordeste 3 da CNBB elogia a experiência de “universalidade de Igreja” que se viveu nas duas assembleias sinodais, ajudando a “abrir novos horizontes e novas perspetivas”, bem como “as riquezas e a grande diversidade” das comunidades católicas.

D. Dirceu de Oliveira Medeiros fala da experiência da sua diocese, numa região metropolitana, junto a Salvador da Bahia, com problemas de toxicodependência, pobreza ou violência, mas em que identifica também “sinais de esperança”.

“Há um ano, abrimos na nossa diocese uma casa de acolhimento para pessoas em situação de rua, que é uma situação muito presente na nossa realidade local”, relata, destacando que a situação social e económica tem influência “na dinâmica da fé, na vida das pessoas”.

“A Igreja precisa de ser essa presença samaritana”, acrescenta.

Questionado sobre as várias intervenções que sublinharam a experiência de sinodalidade, nas comunidades católicas da América Latina, o bispo de Camaçari destacou o “ponto de vista pastoral” e o “intercâmbio de dons”.

“É a vida que clama, é a vida do povo que clama e nós vamos, então, criando meios, espaços, lugares – não territorialmente, mas lugares no sentido mais amplo da palavra -, onde a palavra de Deus possa ser anunciada e onde a dignidade humana que é ferida possa ser curada”, declarou.

A assembleia sinodal, que decorre até 27 de outubro, com o tema ‘Por uma Igreja sinodal: participação, comunhão, missão’, começou com a auscultação de milhões de pessoas, pelas comunidades católicas, em 2021; a primeira sessão da XVI Assembleia Geral do Sínodo decorreu em outubro de 2023.

Esta sessão da Assembleia Sinodal tem 368 membros com direito a voto, dos quais 272 são bispos; à imagem do que aconteceu 2023, mais de 50 votantes são mulheres, entre religiosas e leigas de vários países.

A eles somam-se, sem direito a voto, 16 representantes de outras igrejas e comunidades cristãs (delegados fraternos), convidados especiais e colaboradores da Secretaria-Geral do Sínodo.

O Sínodo dos Bispos, instituído por São Paulo VI em 1965, pode ser definido, em termos gerais, como uma assembleia de representantes dos episcopados católicos de todo o mundo, a que se juntam peritos e outros convidados, com a tarefa ajudar o Papa no governo da Igreja.

OC

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Agência ECCLESIA

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