Sínodo 2024: «Fase decisiva começa hoje» – D. José Ornelas (c/vídeo)

Delegado português diz que documento final «é entregue como caminho para o povo de Deus»

Cidade do Vaticano, 26 out 2024 (Ecclesia) – O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) afirmou que “a fase decisiva do Sínodo começa hoje”, pedindo que todas as comunidades católicas procurem acolher “este sopro novo”, após a aprovação do documento final.

“O Sínodo não terminou hoje, a fase decisiva do Sínodo começa hoje e é importante que cada Igreja, que cada família, que cada instituição da Igreja possa deixar-se permear por este sopro novo que sai do Sínodo”, disse D. José Ornelas à Agência ECCLESIA, à saída da última reunião geral da sessão sinodal.

O Papa encerrou hoje os trabalhos da XVI Assembleia do Sínodo e promulgou o documento final, enviando-o agora às comunidades católicas, sem publicação de exortação pós-sinodal, uma possibilidade prevista na  constituição apostólica ‘Episcopalis communio‘ (2018), sobre o Sínodo dos Bispos.

“É um documento, sobretudo, de propostas de trabalho, de conversão, no sentido de perceber o que é a Igreja, de perceber como é que a gente se insere nela e de colocar-nos ao serviço da sua transformação. E isto para todos, serve para a Cúria Romana, tem coisas para os bispos, tem orientações para os padres que trabalham com os bispos e para todas as comunidades, para cada batizado”, indicou D. José Ornelas.

Para o presidente da CEP, o gesto do Papa entregar o documento, “como ele foi aprovado, sem mais significa que “o verdadeiro Sínodo começa agora”.

É entregue como caminho para o povo de Deus, e esta é a primeira ideia que é importante reter. Ele disse, isto não é um processo terminado, é uma etapa de um processo que é para continuar na Igreja, seja daquilo que vamos fazer com este documento, seja daquilo que vai ser também este documento”.

Neste sentido, o bispo português acrescentou que “dá algumas indicações concretas e há muito que fazer”, diz que é preciso transformar as palavras “em gestos e em atitudes, e isto é uma conversão que é preciso que a Igreja faça”.

O segundo ponto que D. José Ornelas assinala “é que não está tudo feito”, há temas que estão a ser estudados e realça que “não foi tirado nenhum assunto de cima da mesa”, mas não era este o lugar para decidir algumas coisas.

“O dar este espaço também de reflexão, aquilo que o Papa chamou de fazer uma pausa, para que possamos caminhar a partir daquilo que temos e que aprendemos, fomos aprendendo, nestes três anos, é importante”, observou.

Foto: Secretaria-Geral do Sínodo da Santa Se (Synod.va)

A assembleia sinodal, cuja segunda sessão decorre desde 2 outubro, com o tema ‘Por uma Igreja sinodal: participação, comunhão, missão’, começou com a auscultação de milhões de pessoas, pelas comunidades católicas, em 2021; a primeira sessão da XVI Assembleia Geral do Sínodo decorreu em outubro de 2023.

O documento final foi aprovado nos seus 155 pontos, alguns dos quais mostram que maior debate e divisão, como o lugar das mulheres, a questão do discernimento conjunto com os leigos e a autoridade dos bispos.

D. José Ornelas salienta que o documento “diz, claramente, que não terminou a discussão” sobre o papel das mulheres da Igreja, convidando todos a “encontrar caminhos de convergência e de criação de novidade”.

“Isto é o caminho para seguir, esta é a metodologia que é importante que aprendamos todos na Igreja, e que também seja, aquilo que diz o texto: uma profecia também para este mundo. Ter havido debate mais aceso em alguns pontos é um bom sinal, é um sinal que estamos de saúde”, sustenta.

Fora do documento final ficam os temas confiados aos dez grupos de estudo criados pelo Papa em fevereiro deste ano, após a primeira sessão sinodal,  que envolvem os dicastérios da Cúria Romana, sob a coordenação da Secretaria-Geral do Sínodo, que vão funcionar até junho de 2025.

OC/CB

A Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) foi representada pelo seu presidente, D. José Ornelas, e por D. Virgílio Antunes, vice-presidente do organismo.

O cardeal Américo Aguiar, bispo de Setúbal, participou na segunda sessão da Assembleia Sinodal por nomeação do Papa Francisco; já o cardeal Tolentino Mendonça participou na sua condição de prefeito do Dicastério para a Cultura e Educação (Santa Sé).

Além dos quatro responsáveis portugueses, estiveram também nesta segunda sessão, o padre Miguel de Salis Amaral, docente da Universidade Pontifícia da Santa Cruz, em Roma, integrando o grupo de peritos (teólogos, facilitadores, comunicadores); o padre Paulo Terroso, da Arquidiocese de Braga, e Leopoldina Simões, assessora de imprensa, no grupo dos assistentes e colaboradores.

 

Sínodo 2024: Papa encerra trabalhos reforçando apelo a Igreja «sem muros» e aberta a «todos, todos, todos» (c/fotos)

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