Sínodo 2024: Cardeal D. Américo Aguiar diz que todos estão «dentro» da Assembleia (c/vídeo)

Bispo de Setúbal une-se a apelo do Papa para travar «guerra sem limites, sem coração, sem humanidade»

Octávio Carmo, enviado da Agência ECCLESIA ao Vaticano

Cidade do Vaticano, 04 out 2024 (Ecclesia) – O cardeal D. Américo Aguiar disse hoje à Agência ECCLESIA que todos estão “dentro” da Assembleia Sinodal, em curso no Vaticano, com atenção à guerra que ameaça milhões de pessoas.

“Estamos todos dentro. O Papa Francisco pediu-nos que nos sentíssemos todos envolvidos no Sínodo. Uns estão a rezar, em Setúbal, em Lisboa, no Porto, em Portugal, no mundo inteiro, e outros estamos, aqui, a acompanhar e a fazer parte desta fase”, referiu o bispo de Setúbal.

A assembleia sinodal, que decorre até 27 de outubro, com o tema ‘Por uma Igreja sinodal: participação, comunhão, missão’, começou com a auscultação de milhões de pessoas, pelas comunidades católicas, em 2021; a primeira sessão da XVI Assembleia Geral do Sínodo decorreu em outubro de 2023.

O cardeal português, que integra esta assembleia pela primeira vez, referiu que “cada um deixou aqui à porta a sua mochila, a sua agenda, as suas expectativas”.

“Agora, estamos todos juntos a tentar entender, a sermos sensíveis, àquilo que o Espírito Santo quer de verdade para a Igreja, para os homens e mulheres de boa vontade, hoje. E esse é o caminho que estamos a fazer”, acrescentou.

O responsável português disse ter encontrado, na Assembleia Sinodal, ecos positivos da experiência da JMJ Lisboa 2023, particularmente na possibilidade de participação de “todos, todos, todos”.

“Têm sido evocados muitos dos trabalhos que fizemos, das coisas novas que arriscamos, podem também ser inspiradoras para o documento final”, indicou D. Américo Aguiar.

Os trabalhos alteram entre sessões plenárias (congregações gerais) e trabalhos em grupo linguísticos (círculos menores), decorrendo no Auditório Paulo VI, do Vaticano.

O bispo de Setúbal dá conta da sua experiência, numa mesa de 11 pessoas, que alternam intervenções pessoais com momentos de silêncio e oração, em várias passagens por todos os presentes.

“A segunda participação de cada um é sobre o que lhe tocou mais no que os outros disseram. Depois, uma terceira fase, já não é sobre o que eu quis partilhar, nem sobre aquilo o que sublinhei no que os outros disseram, mas aquilo que a mesa, o conjunto, deve sublinhar”, precisa.

Devagarinho, uma vez, duas vezes, três vezes, quatro vezes, dez vezes, vinte vezes, vamo-nos sentindo um, vamos sentindo que estamos aqui todos, todos, todos, de verdade”.

O Papa convocou para 7 de outubro uma jornada um dia de oração e jejum pela paz, alertando para o cenário “dramático” que se vive no mundo, com o agravamento de vários conflitos.

Antes, Francisco desloca-se no domingo para recitar o Rosário com os participantes na Assembleia Sinodal, em favor da paz, na Basílica de Santa Maria Maior, em Roma, pelas 17h00 locais (menos uma em Lisboa).

“Não podemos continuar a ver a guerra em direto na televisão, a mudar de canal para o futebol ou para a novela, e está tudo bem: não está tudo bem. O que está a acontecer na terra de Jesus, na terra que chamamos santa, não pode acontecer. Não pode continuar esta guerra sem limites, sem coração, sem humanidade”, refere D. Américo Aguiar.

O cardeal português pede que todos se unam à oração do Papa, “cada um, independentemente do sítio onde estiver”, para pedir a Deus o “dom da paz”.

“O que está a acontecer deve mobilizar-nos: a nossa arma não é armar o outro contra o outro. A nossa arma é a oração”, insistiu.

O bispo de Setúbal recordou, em particular, “o coração daqueles que decidem a guerra e a paz”.

“Os corações de alguns estão muito empedernidos e só a oração é capaz de os derreter”, concluiu.

 

 

OC

Sínodo 2024: Presidente da CEP une-se a apelo do Papa por jornada de oração e jejum pela paz (c/ vídeo)

Esta sessão da Assembleia Sinodal tem 368 membros com direito a voto, dos quais 272 são bispos; à imagem do que aconteceu 2023, mais de 50 votantes são mulheres, entre religiosas e leigas de vários países.

A eles somam-se, sem direito a voto, 16 representantes de outras igrejas e comunidades cristãs (delegados fraternos), convidados especiais e colaboradores da Secretaria-Geral do Sínodo.

A Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) está representada pelo seu presidente, D. José Ornelas, e por D. Virgílio Antunes, vice-presidente do organismo.

O cardeal Américo Aguiar, bispo de Setúbal, está presente na segunda sessão da Assembleia Sinodal por nomeação do Papa Francisco; já o cardeal Tolentino Mendonça participa na sua condição de prefeito do Dicastério para a Cultura e Educação (Santa Sé).

Além dos quatro responsáveis portugueses, participam também nesta segunda sessão, o padre Miguel de Salis Amaral, docente da Universidade Pontifícia da Santa Cruz, em Roma, integrando o grupo de peritos (teólogos, facilitadores, comunicadores); o padre Paulo Terroso, da Arquidiocese de Braga, e Leopoldina Simões, assessora de imprensa, no grupo dos “assistentes e colaboradores”.

O Sínodo dos Bispos, instituído por São Paulo VI em 1965, pode ser definido, em termos gerais, como uma assembleia de representantes dos episcopados católicos de todo o mundo, a que se juntam peritos e outros convidados, com a tarefa ajudar o Papa no governo da Igreja.

 

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