Sínodo 2024: «A sinodalidade é muito mais que um processo, que uma metodologia, é mesmo muito mais que uma assembleia» – Juan Ambrósio

Professor da Universidade Católica espera que processo iniciado em 2021 continue para lá da segunda sessão da Assembleia que se conclui este domingo

Lisboa, 26 out 2024 (Ecclesia) – Juan Ambrósio, da Faculdade de Teologia (UCP), afirmou  que o Sínodo, que decorre até domingo no Vaticano, é “muito mais do que o acontecimento estrito” da XVI Assembleia Geral, desejando que a dinâmica se prolongue nas comunidades católicas.

“O caminho iniciado em 2021, era bom que agora não terminasse. O Sínodo, e toda esta dinâmica sinodal, é muito mais do que o acontecimento estrito da própria Assembleia Sinodal. Terminada a Assembleia, e essa tem de terminar porque tem de haver um momento de tomar decisões, fechar esse processo, a sinodalidade é muito mais que um processo, é muito mais que uma metodologia, é mesmo muito mais que uma Assembleia”, disse o professor universitário, em entrevista à Agência ECCLESIA.

A segunda sessão da XVI Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos, com o tema ‘Por uma Igreja sinodal: participação, comunhão, missão’, começou com a auscultação de milhões de pessoas, pelas comunidades católicas, em 2021; a primeira sessão desta 16.ª assembleia decorreu em outubro de 2023.

“É óbvio que se conseguiu muito, mas também é óbvio que esta segunda sessão da Assembleia Sinodal ficou com o ambiente de que parece que algumas coisas não foram discutidas, passou-se para as tais equipas de peritos, alguns dos problemas candentes não vão ser discutidos”, comentou.

Juan Ambrósio recordou que o caminho começou com as pessoas a “ganharem consciência de ser Igreja de um modo distinto”, ou seja, “todos os batizados” sentirem-se corresponsabilizados no ser da Igreja, “na missão da Igreja, na responsabilidade que a Igreja tem da construção de um mundo diferente”, e salientou a importância de nas dioceses perceberem que as “dinâmicas têm que ser postas a andar”.

É uma maneira de ser Igreja, é uma maneira de estar no mundo, é uma maneira de discernir os sinais dos tempos, e isso não pode acabar. Esse talvez seja o primeiro grande fruto desta Assembleia, e nesse sentido diria que corresponde às expectativas, ou seja, ganhar consciência de sermos Igreja de um modo distinto, a redescoberta do sentido da fé dos fiéis que se tem de ser em conta”.

O professor da Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa salienta que “a Igreja não é propriedade do ministério ordenado”, “não há Igreja sem ministério ordenado”, mas esta presença na comunidade eclesial “é a do serviço, da unidade”, para que toda a comunidade eclesial “possa ser de facto protagonista da missão”.

O documento final que vai ser publicado como resultado desta assembleia sinodal, “como o texto que o Papa, porventura, venha a escrever”, para o entrevistado, “não podem apagar o que foi este itinerário”, desde 2021, porque após três anos, com “toda a Igreja a refletir, seria muito estranho” que, agora se viesse afirmar que “está tudo bem”, quando foram “identificadas questões tão centrais e mesmo transversais”.

Não estou a dizer que esperemos mudanças radicais, mas que se abram caminhos para ensaiar caminhos novos, desenhos novos para a Igreja, uma nova maneira dela se organizar, isto está em cima da mesa. A questão é sempre ser fiel à sua missão, a missão é o anúncio do Reino”.

Juan Ambrósio, usando uma imagem do Papa Francisco, referiu m entrevista ao Programa ECCLESIA, na RTP2, que, “talvez”, seja preciso habituação a uma “Igreja poliédrica”, que ensaia “caminhos poliédricos conforme as geografias, as culturas, mantendo uma unidade”.

HM/CB/OC

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Agência ECCLESIA

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