Novo itinerário procura promover «escuta real» das comunidades e participação alargada
Cidade do Vaticano, 21 mai 2021 (Ecclesia) – O Vaticano anunciou hoje a realização da 16ª assembleia geral do Sínodo dos Bispos em outubro de 2023, um ano depois do que estava inicialmente agendado, precedido por um processo inédito de consulta, com assembleias diocesanas e continentais.
“O percurso para a celebração do Sínodo será dividido em três fases, entre outubro de 2021 e outubro de 2023, passando por uma fase diocesana e outra continental, que dará vida a dois instrumentos de trabalho diferentes distintos, antes da fase definitiva, ao nível da Igreja universal”, uma nota do Sínodo dos Bispos.
A assembleia de 2023, convocada pelo Papa Francisco, tem como tema “Por uma Igreja sinodal: comunhão, participação e missão”.
A Secretaria-Geral do Sínodo dos Bispos fala numa “modalidade inédita” de preparação deste encontro mundial, que visa possibilitar “a escuta real do Povo de Deus e garantir a participação de todos no processo sinodal”.
“Não é apenas um acontecimento, mas um processo que envolve em sinergia o Povo de Deus, o Colégio Episcopal e o bispo de Roma [Papa], cada um segundo a sua função”, pode ler-se.
Em setembro de 2018, o Papa publicou a constituição apostólica ‘Episcopalis Communio’ (Comunhão Episcopal) com a qual reforçou o papel do Sínodo dos Bispos, sublinhando a importância de continuar dinâmica do Concílio Vaticano II (1962-1965).
Em mais de 50 anos, as assembleias sinodais foram sempre consultivas, mas o Papa recorda que, segundo o Direito Canónica, o Sínodo goza de “poder deliberativo”, quando lhe é concedido pelo pontífice.
A nova constituição apostólica promove uma aproximação das assembleias sinodais ao modelo dos concílios ecuménicos [mundiais], como o que foi realizado entre 1962 e 1965, em quatro sessões.
A abertura do Sínodo de 2023 acontece no Vaticano, sob a presidência do Papa, nos dias 9 e 10 de outubro deste ano, e em cada diocese católica, a 17 de outubro, sob a presidência do respetivo bispo.
Estas celebrações dão início à “fase consultiva” da 16ª assembleia geral do Sínodo dos Bispos, a partir de um documento preparatório, um questionário e um vademécum com propostas de consulta em cada diocese.
O Vaticano determina que cada bispo nomeia um responsável ou uma equipa diocesana para a consulta sinodal; cada Conferência Episcopal deve fazer o mesmo.
“A consulta ao Povo de Deus em cada diocese terminará com uma reunião presidencial, que será o momento culminante do discernimento diocesano”, indica a Secretaria-Geral do Sínodo dos Bispos.
As conclusões de cada diocese vão ser enviadas à respetiva Conferência Episcopal, para redação de uma síntese que deve chegar ao Vaticano antes de abril de 2022.
Os contributos alargam-se aos organismos da Cúria Romana, Universidades, Faculdades de Teologia, Uniões de Superiores e Superioras Gerais de Institutos Religiosos, Federações de Vida Consagrada e movimentos internacionais de leigos.
A Secretaria-Geral do Sínodo, que recebe as sínteses dos contributos, procede à redação do primeiro ‘Instrumentum Laboris’ (instrumento de trabalho) antes de setembro de 2022.
O processo sinodal prossegue como uma “fase continental” (setembro de 2022-março de 2023) sobre este primeiro texto; cada reunião de Conferências Episcopais nomeia um responsável, como figura de ligação com a Secretaria-Geral do Sínodo.
O Papa determina que estas assembleias continentais se concluam com a redação de um documento final, que será enviado à Santa Sé em março de 2023.
“Paralelamente às reuniões pré-sinodais em nível continental, recomenda-se a realização de assembleias internacionais de especialistas”, assinala o Vaticano.
Após a recolha destes contributos, a Secretaria-Geral do Sínodo tem a missão de redigir um segundo ‘Instrumentum Laboris’, antes de junho de 2023.
A celebração do Sínodo dos Bispos em Roma, segundo os procedimentos estabelecidos na Constituição Apostólica Episcopalis Communio, decorre em outubro de 2023.
O Sínodo dos Bispos pode ser definido, em termos gerais, como uma assembleia de representantes dos episcopados católicos de todo o mundo, a que se juntam peritos e outros convidados, com a tarefa ajudar o Papa no governo da Igreja.
OC