Sínodo 2023: Processo «imparável» quer levar Igreja ao encontro de todos, diz padre Paulo Terroso

Sacerdote da Arquidiocese de Braga, que integra Comissão da Comunicação do evento, destaca momento de «viragem» promovido pelo Papa

Padre Paulo Terroso.
Foto: Ricardo Perna/Família Cristã

Braga, 17 dez 2021 (Ecclesia) – O padre Paulo Terroso, membro da Comissão da Comunicação do Sínodo, disse que o processo global convocado pelo Papa é “imparável” e representa um momento de “viragem” na vida da Igreja Católica.

“Este processo é imparável, de auscultação de pessoas e de as envolver”, refere o sacerdote da Arquidiocese de Braga, convidado da entrevista semanal conjunta Ecclesia/Renascença, publicada e emitida ao domingo.

O diretor de Comunicação da referida arquidiocese, administrador do ‘Diário do Minho’, admite “resistências” neste processo, que decorre a partir de hoje nas dioceses de todo o mundo, porque a Igreja vai ter de sair da “zona de conforto” e incluir quem está “nas margens”.

“Vai ser um período de grande transformação”, aponta.

O que está aqui em causa, de uma forma muito simples, é: ou queremos e vivemos numa Igreja clerical – que não é essa a Igreja que o Espírito de Deus quer – ou então uma Igreja sinodal, onde todos, leigos, padres e bispos, caminham em conjunto”.

O membro da Comissão da Comunicação considera que o mais difícil vai ser “implementar o processo”, considerando fundamental “ajudar a aprofundar o que vai ser dito, para que chegue às pessoas e se crie aqui um processo sério, no sentido espiritual, de reflexão”.

“Assumo-o com alegria, disponibilidade e espírito de serviço, num momento tão especial como este, que alguns qualificam, e bem, como o momento mais importante na história da Igreja, depois do Concílio Vaticano II (1962-1965)”, assinala.

Para o responsável, as pessoas devem compreender que “aquilo que vai acontecer não é um inquérito”, mas uma proposta de auscultação e mobilização de todos, incluindo “os que estão em processo de conversão, de luta até interior, que se sentem marginalizados”.

As dioceses portuguesas vão assinalar, a partir de domingo, a fase inicial de consulta e mobilização das comunidades católicas no processo sinodal convocado pelo Papa, que decorre até 2023.

A audição das Igrejas locais é uma etapa inédita, desenhada pelo Papa Francisco, que pediu a cada bispo que replicasse a celebração de abertura que decorreu no Vaticano, a 9 e 10 de outubro, com uma cerimónia diocesana.

“Foi dada liberdade às conferências episcopais e às igrejas locais para iniciarem este processo da forma que achassem mais conveniente”, indica o padre Paulo Terroso.

O sacerdote admite que as formas escolhidas para dar início ao Sínodo, tanto no Vaticano como em várias dioceses, não transmitem ainda a novidade do processo convocado pelo Papa.

“Se calhar é este modo que temos de ser Igreja que ainda não está em saída, com novas expressões, está ainda muito formatado”, refere.

Ângela Roque (Renascença) e Octávio Carmo (Ecclesia)

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