Grupo de teólogos, dos cinco continentes, trabalhou ao longo de 10 dias sobre os contributos recebidos
Cidade do Vaticano, 14 jun 2024 (Ecclesia) – Os trabalhos do grupo de teólogos sobre os contributos enviados para a segunda sessão da XVI Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos, chegaram hoje ao fim, no Vaticano, com a perspetiva de uma “Igreja viva e em movimento”, informou a Santa Sé.
“O Santo Povo de Deus pôs-se em movimento pela missão graças à experiência sinodal. Esta conhece respostas entusiásticas e criativas, mas também resistências e preocupações”, começou por dizer o relator-geral da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, cardeal Jean-Claude Hollerich.
“A maior parte dos relatórios mostra, porém, a alegria do caminho feito, que deu nova vida a muitas comunidades locais e provocou também mudanças significativas no seu modo de viver e de ser Igreja. As sementes da Igreja sinodal já estão a germinar”, indicou o arcebispo do Luxemburgo.
Desde 4 de junho que o grupo de teólogos – homens e mulheres, bispos, sacerdotes, consagrados/as e leigos -, provenientes de vários continentes, trabalhou sobre os 107 relatórios das Conferências Episcopais e das Igrejas Católicas Orientais.
Além disso, o grupo internacional debruçou-se sobre o contributo da USG-UISG (respetivamente União Internacional dos Superiores Maiores e União Internacional das Superioras Gerais), e sobre as mais de 175 observações, provenientes de realidades internacionais, faculdades universitárias, associações de fiéis ou de comunidades e pessoas particulares, a que se juntou ainda os relatórios apresentados pelos párocos na reunião de trabalho de três dias do encontro ‘Os Párocos pelo Sínodo’.
Segundo a Santa Sé, os relatórios, que são fruto do trabalho que as Igrejas locais realizaram a partir do Relatório Síntese da primeira sessão da XVI Assembleia, além de mostrarem “uma Igreja viva e em movimento”, são ricos também em testemunhos.
“Entre os temas que mais se repetem estão: a formação para a sinodalidade, o funcionamento dos órgãos de participação, o papel das mulheres, os jovens, a atenção aos pobres, a inculturação, a transparência e a cultura da responsabilidade por parte de quem assume um ministério na Igreja, mas também a catequese e a iniciação cristã, a colaboração entre Igrejas, a figura do bispo”, adianta a nota enviada à Agência ECCLESIA.
“Os relatórios contam muitas vezes a experiência de pessoas que fizeram uma verdadeira conversão pessoal. Outros, porém, falam de pessoas que continuam a experimentar confusão, preocupação ou ansiedade. Em particular, há o medo de que o que é enviado não seja levado a sério ou que ideologias e lobbies de fiéis se aproveitem do caminho sinodal para impor a sua própria agenda”, referiu o Secretário-Geral da Secretaria-Geral do Sínodo, cardeal Mario Grech.
O responsável considera que “é bom recordar que a Assembleia de outubro não é sobre este ou aquele tema, mas sobre a sinodalidade, sobre como ser uma Igreja missionária em caminho”.
“Todas as questões teológicas e propostas pastorais de mudança têm este objetivo. A Assembleia será sobretudo um momento em que cada participante, situando-se num caminho iniciado em 2021 e trazendo a ‘voz’ do povo de Deus de onde provém, invocará a ajuda do Espírito Santo e a dos seus irmãos e irmãs para discernir a vontade de Deus para a sua Igreja, e não uma oportunidade para impor a sua própria visão da Igreja”, reforçou.
A redação do instrumento de trabalho (instrumentum laboris) para a segunda sessão da XVI Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos, que vai decorrer em outubro, continua agora noutras etapas.
A Santa Sé explica que, “neste momento, em que se articulou o material recebido pelo grupo de teólogos e teólogas, o Conselho Ordinário fará um primeiro discernimento do que foi elaborado”.
“Seguir-se-ão as fases de redação do documento propriamente dito e um sistema de verificação alargado até ao momento em que o Conselho Ordinário aprova o documento a apresentar ao Santo Padre para aprovação final”, refere.
O Secretário Especial da XVI Assembleia, Riccardo Battocchio, sublinha que “o Instrumentum Laboris para a Segunda Sessão da XVI Assembleia será diferente do anterior”.
“Se para a primeira sessão era importante evidenciar a amplitude dos temas a tratar, o documento de trabalho para a sessão de outubro pretende, pelo contrário, evidenciar alguns nós a desatar para responder à pergunta Como ser uma Igreja sinodal em missão, tendo em conta o caminho feito até agora e propondo argumentos teologicamente fundamentados, juntamente com algumas propostas concretas para ajudar ao discernimento confiado aos membros da assembleia”, destacou.
Os dois secretários especiais da XVI Assembleia, mons. Riccardo Battocchio e o padre Giacomo Costa, orientaram os trabalhos que se realizaram na sede da Secretaria-Geral do Sínodo, com a presença do Cardeal Mario Grech e do Cardeal Jean-Claude Hollerich S.J.
A segunda sessão da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos vai decorrer de 2 a 27 de outubro de 2024.
LJ/OC
Sínodo 2024: Sessão conclusiva vai decorrer de 2 a 27 de outubro