Grupos de trabalho sobre questões teológicas vão trabalhar até 2025
Cidade do Vaticano, 15 mar 2024 (Ecclesia) – O Papa apontou um conjunto de temas prioritários para a próxima assembleia sinodal, do papel das mulheres ao mundo digital, num documento divulgado esta quinta-feira pelo Vaticano.
Francisco confia aos grupos de estudo que criou, em fevereiro, o desenvolvimento das questões ligadas à pobreza, missão no ambiente digital, ministérios (incluindo a participação das mulheres na Igreja e a pesquisa sobre o acesso das mulheres ao diaconato), relações com as Igrejas Orientais, vida consagrada e movimentos eclesiais, formação dos sacerdotes, ministério dos bispos, papel dos núncios, ecumenismo ou questões doutrinais, pastorais e éticas “controversas”.
O anúncio é feito em carta ao cardeal Mario Grech, secretário-geral do Sínodo.
“Estas questões, pela sua natureza, necessitam de ser abordadas com um estudo aprofundado. Não sendo possível realizar este estudo durante a segunda sessão (2 a 27 de outubro de 2024), determino que sejam atribuídas a grupos de estudo específicos, para que possam ser examinadas adequadamente. Este será um dos frutos do processo sinodal iniciado em 9 de outubro de 2021”, indica o Papa.
Estes grupos vão funcionar até junho de 2025, coordenados pelos Dicastérios da Cúria Romana, em coordenação com a Secretaria-Geral do Sínodo, com a presença de especialistas “de todos os continentes”, tendo em consideração “não só os estudos já existentes, mas também as experiências mais relevantes em curso entre o Povo de Deus reunido nas Igrejas locais”.
“É importante que os referidos Grupos de Estudo funcionem segundo um método autenticamente sinodal”, apela Francisco.
Um grupo de estudo vai prosseguir a “pesquisa teológica e pastoral sobre o acesso das mulheres ao diaconato”, informa o Vaticano, bem como a presença feminina “nos processos decisórios e na liderança comunitária”, visando “um maior reconhecimento e valorização do contriburo das mulheres e um aumento das responsabilidades pastorais que lhes são confiadas em todas as áreas da vida e missão da Igreja”.
Ainda esta quinta-feira foram apresentados dois documentos da Secretaria-Geral do Sínodo, um sobre estes grupos de estudo e outro intitulado “Como ser uma Igreja sinodal em missão?”, que destaca as perspetivas a serem aprofundadas teologicamente na sessão de outubro, sobre o “rosto sinodal” da Igreja em missão.
“A primeira orientação consiste em manter viva a dinâmica sinodal nas Igrejas locais, para que um número cada vez maior de pessoas possa vivê-la diretamente. Reiteramos aqui o convite a todas as dioceses a relerem o Relatório Síntese para identificar as sugestões mais significativas para a sua realidade”, indica a Secretaria-Geral.
O organismo anuncia ainda a criação de um “Fórum Permanente” para “aprofundar os aspetos teológicos, canónicos, pastorais, espirituais e comunicativos da sinodalidade da Igreja”, que será assistido pela Comissão Teológica Internacional e por uma comissão canónica constituída ao serviço do Sínodo, de acordo com o Dicastério para os Textos Legislativos, da Santa Sé.
O Sínodo dos Bispos pode ser definido, em termos gerais, como uma assembleia de representantes dos episcopados católicos de todo o mundo, a que se juntam peritos e outros convidados, com a tarefa ajudar o Papa no governo da Igreja.
OC
O secretário-geral do Sínodo e relator-geral da XVI Assembleia Geral, os cardeais Mario Grech e Jean-Claude Hollerich, respetivamente, estiveram com os jornalistas, esta quinta-feira, para explicar os novos documentos.
“Só tratamos de temas propostos pelo povo de Deus”, indicou o cardeal Hollerich, descartando debates sobre questões ligadas ao celibato sacerdotal e bênçãos a homossexuais “Não fazemos política na igreja, somos servidores deste processo sinodal. Nunca coloco o meu próprio conteúdo, mas sim o conteúdo do povo de Deus”, acrescentou o arcebispo do Luxemburgo. Já o cardeal Grech saudou a realização do encontro internacional de párocos no Vaticano, de 29 de abril a 2 de maio, para “escutar e valorizar a experiência” nas comunidades locais. “Só quem vive a sinodalidade compreende melhor quais são os seus frutos”, sustentou. |
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