Sínodo 2021-2024: «Onde estão os jovens?», pergunta delegação portuguesa na Assembleia Continental

Carmo Rodeia apontou à JMJ Lisboa 2023 como oportunidade de encontro e testemunho de fé das novas gerações

Praga, 08 fev 2023 (Ecclesia) – Carmo Rodeia, membro da Equipa Sinodal Nacional da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), disse hoje em Praga que o processo sinodal em curso na Igreja tem de ouvir e envolver as novas gerações.

“Uma das questões em Portugal, em todo o Sínodo, tem sido o desejo de ter mais jovens a participar no processo”, assinalou a responsável, diretora do Gabinete de Comunicação do Santuário de Fátima, na Assembleia Continental Europeia do Sínodo 2021-2024, que decorre na capital checa.

Os trabalhos, que decorrem desde segunda-feira, contaram com intervenções das delegações nacionais – por ordem alfabética -, encontros em grupo e sessões de trabalho no plenário, para partilha dos debates.

Na sessão desta manhã, Carmo Rodeia partilhou uma questão sobre a ausência das novas gerações de católicos.

“Olhando para esta assembleia, com todo o respeito, questiono-me: onde estão os jovens, onde estão os jovens europeus?”, perguntou.

Os trabalhos abordavam a imagem bíblica apresentada no Documento da Etapa Continental, publicado pela Santa Sé: “alargar o espaço da tenda”.

“O tiro de partida para alargar a tenda, de que estamos a falar nestes dias, foi dado em 2018, no Sínodo dos Bispos sobre os Jovens e a Fé, e a exortação apostólica pós-sinodal ‘Christus Vivit’”, sustentou a delegada portuguesa.

Carmo Rodeia recordou que, neste documento, o Papa exortava os jovens a ser “não o futuro, mas o presente da Igreja”.

“Aqui estamos nós de novo: onde estão os jovens?”, insistiu.

A intervenção apontou à “experiência sinodal” da preparação da JMJ Lisboa 2023, que vai decorrer de 1 a 6 de agosto.

“Convidamos todos os jovens, especialmente os europeus: é muito mais do que um evento, é também uma oportunidade”, disse Carmo Rodeia, para que as novas gerações partilhem a fé, “através do entusiasmo do seu encontro com Jesus”

“Quem melhor do que os jovens para evangelizar os jovens?”, questionou.

Para a delegada portuguesa, a melhor forma de comprometer os jovens é “escutá-los, dar-lhes uma voz, aproximar-se deles, dos seus problemas e preocupações”

“Queremos que os jovens estejam dentro da tenda. Vamos tentar ter jovens, entre nós, da próxima vez, para que em vez de falar sobre eles, eles possam falar sobre si mesmos”, concluiu.

A síntese nacional apresentada pela delegação da CEP, esta terça-feira, destacava a necessidade de explicar o que significa promover uma Igreja ministerial, “clarificando o papel de leigos e sacerdotes, refletindo sobre a ausência dos jovens e do clero neste processo sinodal”.

A intervenção chamou a “dar prioridade aos jovens, defendendo a importância de lhes dar voz e lugar na vida da Igreja e encontrar verdadeiros projetos de renovação que os incluam, como por exemplo, em Portugal, a Jornada Mundial da Juventude deste ano”.

Os participantes na Assembleia Continental Europeia vão discutir esta quinta-feira, a partir das 11h00 (menos uma em Lisboa) o documento final do encontro, que será entregue ao Vaticano.

A delegação portuguesa em Praga é composta por D. José Ornelas, presidente da CEP; padre Manuel Barbosa, secretário da CEP e coordenador da Equipa Sinodal Nacional; Carmo Rodeia e Anabela Sousa.

Outros dez delegados participam online: os restantes membros da Equipa Sinodal da CEP – Isabel Figueiredo, Paulo Rocha, Pedro Gil e Padre Eduardo Duque – e representantes das equipas sinodais diocesanas dos Bispos que compõem o Conselho Permanente – Braga (padre Paulo Terroso, também membro da Equipa de Comunicação do Sínodo), Coimbra, Évora, Leiria-Fátima, Lisboa, Porto e Santarém.

Em Praga está ainda a reitora da UCP, Isabel Capeloa Gil, como presidente da Federação Internacional das Universidades Católicas (FIUC).

A Assembleia Continental Europeia divide-se em dois momentos distintos: o primeiro, até 9 de fevereiro, é uma assembleia eclesial com a participação de 200 pessoas presencialmente e 390 online; o segundo momento, de 10 a 12 de fevereiro, é reservado aos bispos que presidem às 39 Conferências Episcopais da Europa.

OC

As assembleias continentais estão a ser desenvolvidas de acordo com a seguinte divisão: Europa (CCEE), América Latina e Caraíbas (CELAM), África e Madagáscar (SECAM), Ásia (FABC), Oceânia (FCBCO), América do Norte (EUA/Canadá) e Médio Oriente (com a contribuição das Igrejas Católicas orientais).

A primeira sessão da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos vai decorrer de 4 a 29 de outubro de 2023; Francisco decidiu que a mesma terá uma segunda etapa, em 2024.

O Sínodo dos Bispos pode ser definido, em termos gerais, como uma assembleia de representantes dos episcopados católicos de todo o mundo, a que se juntam peritos e outros convidados, com a tarefa ajudar o Papa no governo da Igreja.

 

Sínodo 2021-2024: Delegação da Conferência Episcopal aponta necessidade de «maior transparência» e assume «tensões» na Igreja (c/fotos)

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Agência ECCLESIA

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