Sínodo 2021-2024: Novo documento regressa às dioceses para recolha de contributos a nível mundial

Responsáveis do Vaticano destacam importância de manter abertos canais de escuta e diálogo, sem «excluir ninguém»

Cidade do Vaticano, 27 out 2022 (Ecclesia) – O documento de trabalho para a próxima etapa do Sínodo 2021-2024, publicado hoje pelo Vaticano, vai ser remetido aos bispos diocesanos, para nova recolha de contributos a nível mundial.

“A decisão quer sublinhar a lógica do processo sinodal, que se realiza através de uma contínua circularidade de profecia e discernimento”, indicou o cardeal Mario Grech, secretário-geral da Secretaria-Geral do Sínodo, em conferência de imprensa.

O documento de trabalho da etapa continental (DEC) do Sínodo 2021-24, sobre o tema ‘Por uma Igreja sinodal: comunhão, participação e missão’, resulta das sínteses elaboradas a partir de uma consulta mundial, na primeira fase do processo e estará no centro do tempo de “escuta, diálogo e discernimento” das sete assembleias sinodais que vão decorrer, em várias regiões do mundo, entre janeiro e março de 2023.

O cardeal Grech reforçou a ideia de que “ninguém está excluído” neste processo, convidando à participação de quem ainda manifesta resistências.

“As sínteses atestam que, onde a consulta foi realizada, deu frutos abundantes”, assinalou o secretário-geral da Secretaria-Geral do Sínodo.

O colaborador do Papa destacou a “singular convergência em muitos pontos das contribuições provenientes de contextos eclesiais e culturais muito diversos”.

A etapa continental constitui mais um momento de discernimento, no qual as sete Assembleias continentais poderão avaliar se e em que medida o documento recebido corresponde à vida e às expectativas das Igrejas do seu continente”.

A decisão de remeter o DEC para as Igrejas locais, observou o cardeal Grech, “não responde a um critério organizacional, mas a um princípio sinodal”.

“Todo o dinamismo sinodal se repete a um nível mais profundo: ouvindo o Povo de Deus, cada bispo poderá verificar se e em que medida a sua Igreja se reconhece no documento”, precisou.

As observações sobre o DEC podem ser enviadas às Conferências Episcopais, que por sua vez “poderão produzir uma síntese mais orgânica para a etapa continental”.

As assembleias continentais vão ser desenvolvidas de acordo com a seguinte divisão: Europa (CCEE), América Latina e Caraíbas (CELAM), África e Madagascar (SECAM), Ásia (FABC), Oceânia (FCBCO), América do Norte (EUA + Canadá) e Médio Oriente (com a contribuição das Igrejas Católicas orientais).

Entre as questões sugeridas para a reflexão, a Secretaria-Geral do Sínodo pede que se identifiquem “quais são as prioridades, os temas recorrentes e os apelos à ação que podem ser partilhados com outras Igrejas locais no mundo e discutidos durante a primeira sessão da Assembleia sinodal em outubro de 2023”.

Sobre a base dos Documentos Finais das Assembleias Continentais, até junho de 2023 será redigido o ‘Instrumentum laboris’ (Instrumento de trabalho) para o primeiro encontro mundial no Vaticano.

A primeira sessão da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos decorrerá de 4 a 29 de outubro de 2023.

O DEC tem como tema uma passagem do livro bíblico do profeta Isaías, “Alarga o espaço da tua tenda” (Is 54,2).

O cardeal Jean-Claude Hollerich, arcebispo de Luxemburgo e relator-geral desta assembleia sinodal, apelou à construção de “novos equilíbrios” para evitar o “colapso” dessa tenda, com lugar para “todos” e sem segregações.

Este documento de trabalho foi redigido após um encontro, na cidade italiana de Frascati, de quase 50 pessoas, durante 12 dias de trabalho; o grupo de peritos, que incluiu o sacerdote português Paulo Terroso, foi representado na conferência de imprensa por Anna Rowlands, professora associada de Pensamento e Prática Social Católica, Universidade de Durham (Inglaterra)

OC

A mensagem do Sínodo é simples: estamos a aprender a caminhar juntos e a sentar-nos juntos para partir o único pão, de modo que cada um possa encontrar o seu lugar. Todos são chamados a tomar parte desta viagem, ninguém é excluído. A isto nos sentimos chamados para poder anunciar credivelmente a todos os povos o Evangelho de Cristo. É esta a estrada que procuramos continuar a percorrer também na Etapa Continental.

DEC, n.º 103

 

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