Responsável portuguesa integrou equipa de comunicação da Assembleia Sinodal
Lisboa, 11 nov 2024 (Ecclesia) – Leopoldina Reis Simões, da equipa de comunicação da XVI Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos, disse à Agência ECCLESIA que o trabalho dos últimos anos pede “compromisso e ousadia” às comunidades católicas.
“O mundo não está a ritmos iguais, nem quanto aos problemas, nem quanto aos desafios. E aí é que está o grande desafio. O meu receio é que aquela esperança que se viveu naquele momento agora, no regresso às comunidades, desapareça”, realçou a responsável.
A assembleia sinodal, cuja segunda sessão decorreu no Vaticano de 2 a 27 de outubro, com o tema ‘Por uma Igreja sinodal: participação, comunhão, missão’, começou com a auscultação de milhões de pessoas, pelas comunidades católicas; a primeira sessão da XVI Assembleia Geral do Sínodo decorreu em outubro de 2023.
Após ter acompanhado o processo iniciado em 2021, pelo Papa Francisco, a entrevistada entende que se abre agora “um caminho que pede compromisso e ousadia às comunidades”.
Leopoldina Reis Simões recorda a experiência feita no Auditório Paulo VI, que acolheu centenas de participantes, em mesas-redondas, para várias sessões de trabalho em que “não havia faltas de respeito” “nem gestos negativos” pelas posições contrárias.
“Notou-se que as pessoas queriam criar consensos”, acentuou.
Para o chefe de redação da Agência ECCLESIA, Octávio Carmo, que acompanhou os trabalhos, um dos “grandes desafios” que as comunidades católicas têm “é passar o clima que se viveu no chão, no alicerce deste processo sinodal”.
Um processo que, nos últimos dois anos, juntou “desconhecidos e os transformou em pessoas próximas”, porque debateram “questões muito importantes para a vida delas, para a sua Igreja, e o fizeram de uma forma não confrontacional”.
Já em 2018, o Papa Francisco na Constituição Apostólica Episcopalis communio (Comunhão Episcopal) previa que o documento final “fosse entregue com a assinatura do Papa e entregue ao povo de Deus”, indica Octávio Carmo.
“Ao divulgar o documento, tal como ele está, ele próprio se compromete numa linha de trabalho que foi aberta pelo sínodo e que agora tem de ser continuada e isto é que é o evidente, não é pela hierarquia, é pelas comunidades nas bases”, observa o chefe de redação da Agência ECCLESIA.
Após a votação e encerramento da segunda sessão sinodal, o Papa Francisco disse que “o documento é este” e “não vai haver exortação pós-sinodal” porque o fundamental “é agarrar nisto que é um dom para a igreja”, assinala, por sua vez, Leopoldina Reis Simões.
Octávio Carmo recorda que, desde o Sínodo especial para a Amazónia, em 2019, e “algumas tomadas de decisão do Papa Francisco”, se abrem caminhos para “a instituição de ministérios, para participação de leigos em determinados cargos, para uma maior presença feminina em situações de liderança nas comunidades”.
O jornalista observa, que, apesar das possibilidades abertas, “não há muitas leitoras instituídas, não há muitas acólitas instituídas, não há muitas catequistas instituídas.
“Não vale a pena estarmos a discutir muito o diaconado feminino enquanto não houver uma presença feminina significativa nos ambientes nos quais vivemos a nossa fé, porque só aí é que é possível dar o passo seguinte. Caso contrário, estamos a começar pelo telhado”, adverte.
Em relação ao futuro, o jornalista entende que a tarefa é “muito grande” e há um caminho “enorme” nesta “corresponsabilidade diferenciada”.
“Quem quiser trabalhar para esta mudança tem todos os instrumentos neste momento para trabalhar para ela”, concluiu, em entrevista emitida hoje no Programa ECCLESIA, RTP2.
HM/LFS/OC
A Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) foi representada na XVI Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos pelo seu presidente, D. José Ornelas, e por D. Virgílio Antunes, vice-presidente do organismo.
O cardeal Américo Aguiar, bispo de Setúbal, participou na segunda sessão da Assembleia Sinodal por nomeação do Papa Francisco; já o cardeal Tolentino Mendonça participou na sua condição de prefeito do Dicastério para a Cultura e Educação (Santa Sé). Além dos quatro responsáveis portugueses, estiveram também nesta segunda sessão, o padre Miguel de Salis Amaral, docente da Universidade Pontifícia da Santa Cruz, em Roma, integrando o grupo de peritos (teólogos, facilitadores, comunicadores); o padre Paulo Terroso, da Arquidiocese de Braga, e Leopoldina Simões, assessora de imprensa, no grupo dos assistentes e colaboradores. |