Subsecretário da Secretaria-Geral do Sínodo dos Bispos admite «resistências», mas acredita em «desenvolvimentos concretos», após três anos de trabalho
Octávio Carmo, enviado da Agência ECCLESIA ao Vaticano
Cidade do Vaticano, 30 out 2024 (Ecclesia) – D. Luis Marín, subsecretário do Sínodo dos Bispos, disse à Agência ECCLESIA que o processo iniciado em 2021 deve continuar em casa comunidade, superando as resistências que existem nalguns setores.
“A sinodalidade não é uma ameaça, é uma dimensão constitutiva da Igreja que nos ajuda efetivamente a viver a Igreja de Jesus”, refere o responsável, após a conclusão da XVI Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos.
A segunda sessão desta assembleia decorreu entre 2 e 27 de outubro, com o tema ‘Por uma Igreja sinodal: participação, comunhão, missão’, na sequência de um processo que começou com a auscultação de milhões de pessoas, pelas comunidades católicas, em 2021; a primeira sessão decorreu em outubro de 2023.
Francisco promulgou documento final, enviando-o às comunidades católicas, sem publicação de exortação pós-sinodal – algo que acontece pela primeira vez, mas que corresponde à possibilidade prevista na constituição apostólica ‘Episcopalis communio’ (2018), do atual Papa, sobre o Sínodo dos Bispos.
Os participantes identificaram os organismos de participação, nas várias estruturas da Igreja, como “uma das áreas mais promissoras de atuação para uma rápida implementação das orientações sinodais, conduzindo rapidamente a mudanças percetíveis”.
“Estes organismos devem existir, são organismos de corresponsabilidade, de participação, e não devem ser vistos como uma ameaça, mas como uma ajuda, o envolvimento de todos”, indica D. Luis Marín.
O subsecretário do Sínodo dos Bispos assinala a necessidade de superar a conceção “piramidal” das estruturas católicas, destacando os temas da “transparência, da prestação de contas e da corresponsabilidade” na Igreja como “um dos frutos mais claros do processo sinodal”.
Questionado sobre a resistência manifestada ao processo sinodal por vários setores da Igreja, o arcebispo espanhol diz que esse é um facto “normal”, na vida da Igreja, que “nunca deve assustar” os católicos.
“Há muitos tipos de resistência, há pessoas que não querem e bloqueiam, teremos de tentar ajudá-las, convencê-las. Outros, por ignorância ou por medo, têm receios, ideias erradas sobre o que pode ser”, observou.
Para o responsável, é necessária “uma atitude de criatividade, de abertura”, a partir das propostas do documento final, que “não é um catálogo de coisas a fazer, nem um código, um regulamento”.
“O que está no documento – que não é um documento fechado, mas sim de portas abertas que oferece enormes possibilidades – deve chegar à prática, à vida quotidiana, à vida paroquial, a ilumine e nos ajude”, sustenta.
Temos de criar estruturas, temos de tomar decisões, temos de fazer desenvolvimentos concretos; são processos, começamo-los há três anos e agora estamos a continuá-los”.
D. Luis Marín considera que, neste momento, há “portas que se abrem”, para desenvolver o processo sinodal nas “realidades concretas em que cada um vive”.
“Cada um de nós, na sua própria esfera de existência, no seu trabalho, na sua tarefa, na sua paróquia, na sua diocese, tem de fazer realmente funcionar a sinodalidade, viver a sinodalidade em tudo”, insiste.
O Sínodo dos Bispos, instituído por São Paulo VI em 1965, pode ser definido, em termos gerais, como uma assembleia de representantes dos episcopados católicos de todo o mundo, a que se juntam peritos e outros convidados, com a tarefa ajudar o Papa no governo da Igreja.
OC
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