Sínodo 2021-2023: Subscretária destaca necessidade de promover «uma Igreja inclusiva, onde todos os batizados são atores e protagonistas»

Irmã Nathalie Becquart sublinha importância de promover o diálogo, dentro da Igreja e com a sociedade

Foto: Ponto SJ

Lisboa, 17 mar 2022 (Ecclesia) – A irmã Nathalie Becquart, subsecretária do Sínodo dos Bispos, disse à Agência ECCLESIA que o processo sinodal que decorre até 2023, por iniciativa do Papa Francisco, coloca à Igreja o desafio de “escutar” todos.

“Temos papéis diferentes, na Igreja, mas temos necessidade de nos ouvirmos mutuamente, de reforçar o diálogo, em particular entre os pastores e os fiéis”, precisou a religiosa, que esteve em Fátima a convite da Companhia de Jesus.

Em declarações emitidas hoje no Programa ECCLESIA (RTP2), a primeira mulher com direito a voto numa assembleia do Sínodo destacou que “o desafio muito concreto para este processo sinodal é escutar a diversidade do Povo”.

“A visão da sinodalidade é a visão de uma Igreja inclusiva, onde todos os batizados são atores e protagonistas. Incluindo as crianças”, observou.

É realmente quando encontramos este sentido da Igreja como comunidade, com esta dimensão relacional – o facto de sermos irmãos e irmãs em Cristo, em primeiro lugar – que, como numa família, aprendemos a escutar-nos”.

A subsecretária do Sínodo destaca a importância do “estilo do discernimento”, na vida da Igreja, “ao serviço dos homens e mulheres deste tempo”.

“A sinodalidade é aprender a discernir, juntos, os caminhos a que o Espírito nos chama para anunciar o Evangelho ao mundo, para a missão”, precisou.

A religiosa falou em Fátima, no último sábado, perante mais de 2500 pessoas ligadas à Companhia de Jesus, que se reuniram para celebrar o Dia da Família Inaciana.

O padre Miguel Almeida, provincial dos Jesuítas em Portugal, disse à Agência ECCLESIA que a sinodalidade é a “grande marca” do Papa Francisco, visando uma Igreja “muito mais participada, ativa, discernida”

O religioso sustenta a necessidade de encontrar novos caminhos para a Igreja, numa sociedade cada vez mais acelerada que coloca grandes desafios a esse “discernimento”.

“Fazemos a experiência de um mundo em grande mudança”, em que as respostas automáticas se revelam “débeis e superficiais, muitas vezes”, observou.

Para o padre Miguel Almeida, é urgente superar o discurso “abstrato” que tantas vezes marcou as intervenções da Igreja Católica.

“É preciso aceitar que não temos resposta para tudo, trazer a nossa própria história para a relação com Deus e os outros, sabendo discernir, a partir da realidade, quais as decisões a tomar”, acrescentou.

OC

O percurso para a celebração do Sínodo está dividido em três fases, entre outubro de 2021 e outubro de 2023, passando por uma fase diocesana e outra continental, que dará vida a dois instrumentos de trabalho diferentes distintos, antes da fase definitiva, ao nível mundial.

“É a primeira vez, em dois mil anos, que toda a Igreja é chamada a viver um Sínodo”, destaca a irmã Nathalie Becquart, que elogia a “criatividade” com que o processo tem sido vivido, sobretudo com o “entusiasmo dos leigos”.

A auscultação das Igrejas locais é uma etapa inédita, desenhada pelo Papa Francisco; a fase diocesana foi prolongada até 15 de agosto de 2022, permitindo mais quatro meses de auscultação e mobilização das comunidades locais.

A Secretaria-Geral do Sínodo está a preparar uma nota para a preparação dos “relatórios” pelas dioceses e conferências episcopais, pedindo que estes sejam “fruto de um processo espiritual e de trabalho de equipa”.

“Não é uma síntese académica, deve ser um ato de discernimento”, insiste a irmã Nathalie Becquart.

O Vaticano recomenda que antes da preparação e apresentação da síntese diocesana, exista em cada Igreja local uma reunião pré-sinodal.

As respostas recolhidas por cada diocese podem ser enviadas para Roma e devem ser entregues à respetiva Conferência Episcopal, para uma síntese nacional.

 

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