Sínodo 2021-2023: «Metanoia» pede reflexão sobre forma como «o poder é exercido»

Movimento Católico de Profissionais identifica dificuldade na comunicação, tanto «no interior da Igreja, como para a sociedade»

Lisboa, 29 jun 2022 (Ecclesia) – O ‘Metanoia’, Movimento Católico de Profissionais, considera que é necessário “dotar internamente as estruturas eclesiais de uma abordagem mais aberta e abrangente, nos conteúdos e na forma”, na conclusão dos seus contributos para o Sínodo dos Bispos 2021-2023.

“Um dos maiores obstáculos a um estilo sinodal na Igreja é a forma como o poder é exercido, afastando os leigos, nomeadamente as mulheres, dos órgãos de decisão e corresponsabilidade, condenando-os a um estatuto de menoridade, gerador de passividade e subserviência”, lê-se no documento enviado à Agência ECCLESIA.

No seu contributo para a primeira fase do processo sinodal lançado pelo Papa Francisco, o Movimento Católico de Profissionais considera que há uma “intromissão abusiva na consciência dos fiéis com a temática da moral sexual”, e, neste âmbito, propõem que não se separe esta dimensão do resto da moralidade, com uma “evidente valorização da consciência individual e consequente autonomia”.

“Atualmente, há diversas realidades familiares que são excluídas da participação eclesial, o que empobrece significativamente a Igreja e marginaliza uma parte dos fiéis. Propomos uma plena integração dos recasados no acesso aos sacramentos e à vida comunitária, bem como dos católicos LGBTQI+”, desenvolve.

Para “abraçar a diversidade de carismas e vocações”, o documento propõe “o fim da obrigatoriedade do celibato dos padres” e a “plena integração das mulheres” nas funções executivas e decisórias da Igreja, “e o consequente acesso destas ao diaconado e ao presbiterado”.

O ‘Metanoia’ indica que há uma “dificuldade na comunicação, tanto no interior da Igreja, como para fora, para a sociedade”, e sugere que estudem “formas de comunicação mais eficientes”, para que a mensagem chegue às pessoas e as mobilize para uma “real e efetiva participação, tanto na Igreja, como na sociedade”.

“Que os problemas da justiça social, pobreza, política, economia e ecologia, sejam temas habituais do discurso da Igreja, recentrando-o na promoção do bem comum”, acrescenta.

A Igreja, assinala a associação privada de fiéis, está “descredibilizada na opinião pública”, pelas suas posições “anacrónicas” face à evolução científica e à análise social, e, alerta, que no seu relacionamento com a sociedade “tem dificuldade em escutar”, porque se preocupa “demasiado com a sua imagem e fecha-se ao diálogo”.

Segundo o ‘Metanoia’, após o “impulso de abertura” dado pelo Concílio Vaticano II, a Igreja foi-se, “progressivamente, fechando e afastando do essencial”, por estar demasiado centrada “em programar e fazer coisas”, e “é grande o desconforto” que muitos fiéis sentem nas suas comunidades, não se identificando com as celebrações, “sentindo que o discurso do clero é pobre e afastado da realidade”.

‘Para Uma Igreja Sinodal: comunhão, participação, missão’ é o tema do Sínodo 2021-2023, que promove um processo global de escuta e mobilização das comunidades católicas, com etapas diocesanas, nacionais e continentais antes da assembleia que o Vaticano vai receber, em outubro de 2023.

O ‘Metanoia – Movimento Católico de Profissionais’ informa no seu sítio online que vai promover o Encontro de Reflexão Teológica 2022, sobre ‘A força de uma Igreja vulnerável’, com o padre Carlos Maria Antunes, do Mosteiro Cisterciense de Santa Maria do Sobrado (Galiza), de 28 a 31 de julho, no Seminário Diocesano de Leiria.

CB/OC

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