Abusos sexuais: Comunicar «de forma clara, transparente e objetiva» aproxima instituições do público

Responsáveis de instituições eclesiais partilharam boas práticas perante casos de crise

Foto: Agência ECCLESIA/LS

Lisboa, 29 jun 2022 (Ecclesia) – Pedro Gil, consultor de comunicação da Igreja e diretor do gabinete de imprensa do Opus Dei, disse hoje que a gestão comunicacional em tempo de crise implica uma constante “escuta ativa”, uma relação “permanente com os diferentes públicos”.

“Comunica melhor quem escuta melhor e, na maioria dos casos devemos escutar mais e falar menos. Ter respeito pela perceção dos outros, porque o seu olhar diz algo de muito importante sobre a instituição”, reforçou o membro da comissão de consultores da Igreja Católica, no I ‘Encontro Cuidar’, que decorre na Universidade Católica Portuguesa.

Na conferência ‘Suspeitas e denúncias: como comunicar para dentro e para fora’, Pedro Gil referiu que, “no caso das instituições religiosas, a transparência das relações será ainda mais importante”.

O responsável indicou que 85% das denúncias “são verdadeiras” e que a primeira preocupação de uma instituição deverá ser sobre a vítima, e com o “encaminhamento da denúncia”, seguido da consciência de que muito provavelmente a denúncia se irá “espalhar por via informal”.

“Isso coloca em causa a credibilidade, a sobrevivência da instituição e a sua relação com os públicos”, explicou ainda Pedro Gil, adiantando que se as instituições forem percecionadas como de confiança e com um reconhecimento do seu contributo “estas conseguirão sobreviver”.

Rita Carvalho, do gabinete de comunicação da Companhia de Jesus, falou na importância de uma “comunicação verdadeira, transparente, clara, objetiva e empática” e que toda a comunicação “que se faz para dentro tem de ser válido também para fora”.

“Perante uma crise temos sempre de comunicar, e isso não significa falar aos jornalistas, mas sim aos públicos, sendo que a comunicação não deve responder apenas a factos mas também a perceções dos públicos. Há, por isso, de comunicar e esclarecer”, indicou.

A editora do Ponto SJ observou que a instituição deve ser “a primeira a falar sobre a instituição”, uma vez que a antecipação “dá mais margem do que uma reação ao que já circula”.

“Falar previne o ruído sobre o que se diz sobre uma instituição. Quanto mais cedo se reagir, melhor”, sublinhou.

LS

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