Sínodo 2021-2023: «Dialogar na Igreja e na sociedade» é um dos temas «mais complexos» na Diocese do Algarve

Os diálogos com o mundo juvenil, os não crentes, e quem tem «posições diferentes da visão cristã» são «os mais difíceis e tensos», indica a síntese do processo sinodal

Foto: Agência ECCLESIA/CB, Sé do Algarve

Faro, 05 jul 2022 (Ecclesia) – A Diocese do Algarve publicou a síntese do processo sinodal e salienta que “ouvir e falar”, celebrar, “dialogar na Igreja e na sociedade”, discernir e decidir, foram dos temas que “mais geraram debate e motivaram troca de ideias”.

A síntese da Diocese do Algarve para o Sínodo 2021-2023 indica que o tema ‘dialogar na Igreja e na sociedade’ foi um dos “mais complexos”, onde surgem “imensos pontos negativos”, não só porque manifesta a dificuldade de, em boa parte das comunidades, “gerar diálogos abertos, francos e fraternos”, mas também porque coloca em relevo a dificuldade dos cristãos e das comunidades “estabelecerem diálogos com a sociedade aos mais variado níveis e sobre os mais variados temas”.

“Os diálogos com o mundo juvenil, com os não crentes ou com aqueles que têm posições diferentes da visão cristã, foram referidos como os mais difíceis e tensos de empreender. É também aqui referida a difícil linguagem da Igreja que, para tantos, não é percetível”, desenvolvem no documento enviado à Agência ECCLESIA.

Os temas ‘ouvir’ e ‘falar’ também foram dos que mais diálogos geraram e que “foram alvo das mais variadas posições ou opiniões”, na maioria dos contributos chegados, e a Igreja ainda tem “uma enorme necessidade de crescer e fazer caminho nestes dois aspetos”.

Sobre o tema ‘celebrar’, as posições mais sublinhadas foram, por exemplo, a necessidade de um caminho formativo para o exercício dos ministérios e serviços litúrgicos, “uma maior inclusão de jovens e mulheres na vida celebrativa das comunidades”, e usarem uma “linguagem adequada à comunidade que celebra”, e desenvolver uma espiritualidade familiar e noutros âmbitos da vida paroquial, para além das “celebrações comunitárias dominicais”.

As paróquias devem desenvolver iniciativas que “promovam um maior acolhimento”, sobretudo dos que não fazem parte habitual das celebrações.

A síntese sinodal da Diocese do Algarve destaca outros assuntos que “geraram maior tensão ou opiniões díspares”, nomeadamente a necessidade “maior abertura, acolhimento e compreensão” de “casais recasados, casais em uniões de facto, pessoas homossexuais”.

Os “escândalos na Igreja” e a necessidade de uma “boa formação humana dos cristãos” sobre sexualidade e os afetos são referidos na síntese sinodal, sublinhando que os escândalos “têm prejudicado muito a credibilidade da Igreja e a sua missão evangelizadora”.

No documento refere-se ainda que os ministérios, serviços e responsabilidades “ficam sempre nos mesmos” e que não se formam cristãos para o seu desempenho ou para “assumirem lideranças”, e é necessário valorizar o “envolvimento de mais pessoas, especialmente os jovens”.

Sobre a participação neste processo, que começou em outubro de 2021, a Diocese do Algarve informa que cerca de 35 paróquias num total de 82 “não empreenderam absolutamente nada” e concluem que “há uma certa dificuldade em abrir-se e entrar neste dinamismo sinodal”.

O Sínodo 2021-2023, subordinado ao tema ‘Para Uma Igreja Sinodal: comunhão, participação, missão, ’promove um processo global de escuta e mobilização das comunidades católicas, com etapas diocesanas, nacionais e continentais antes da assembleia que o Vaticano vai receber, em outubro de 2023.

CB/PR

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Agência ECCLESIA

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