Sínodo 2018: Papa pede que jovens sejam ouvidos e quer Igreja ao seu lado

Homilia da Missa conclusiva da assembleia sinodal apontou caminho de diálogo e de proximidade com as novas gerações 

Foto: Ricardo Perna/Família Cristã

Octávio Carmo, enviado da Agência ECCLESIA ao Vaticano

Cidade do Vaticano, 28 out 2018 (Ecclesia) – O Papa Francisco afirmou hoje no Vaticano que a Igreja Católica tem de ouvir os jovens e estar ao seu lado, com abertura e interesse pela sua vida.

“Gostaria de dizer aos jovens, em nome de todos nós, adultos: desculpai, se muitas vezes não vos escutamos; se, em vez de vos abrir o coração, vos enchemos os ouvidos”, sublinhou, na homilia da Missa que marcou o encerramento solene da 15.ª assembleia geral ordinária do Sínodo dos Bispos.

O encontro, dedicado ao tema ‘Os jovens, a fé e o discernimento vocacional’, começou a 3 de outubro e contou com a participação inédita de mais de três dezenas de jovens convidados; foi também o primeiro a utilizar o português como língua oficial, nos trabalhos.

Simbolicamente, a Missa de hoje começou com uma procissão liderada pelos jovens convidados que participaram na assembleia sinodal.

“Como Igreja de Jesus, desejamos colocar-nos amorosamente à vossa escuta, certos de duas coisas: que a vossa vida é preciosa para Deus, porque Deus é jovem e ama os jovens; e que, também para nós, a vossa vida é preciosa, mais ainda necessária para se avançar”, referiu o Papa.

Perante centenas de pessoas reunidas na Basílica de São Pedro, Francisco apresentou esta manhã uma reflexão sobre “três passos fundamentais no caminho da fé”, a começar pelo “apostolado do ouvido”, ou seja, “escutar, antes de falar”.

Para Jesus, o grito de quem pede ajuda não é um transtorno que estorva o caminho, mas uma questão vital. Como é importante, para nós, escutar a vida! Os filhos do Pai celeste prestam ouvidos aos irmãos: não às críticas inúteis, mas às necessidades do próximo”.

Foto: Ricardo Perna/Família Cristã

Francisco propôs uma Igreja “próxima” da vida dos jovens, propondo mais do que “formulações doutrinárias” ou ativismos sociais.

“Não podemos ser doutrinaristas ou ativistas; somos chamados a levar para a frente a obra de Deus segundo o modo de Deus, na proximidade: unidos intimamente a Ele, em comunhão entre nós, próximo dos irmãos”, precisou.

No final de mais de 25 dias de trabalhos, o Papa sustentou que a Igreja deve rejeitar a “tentação das receitas prontas” e da indiferença.

“Interroguemo-nos se somos cristãos capazes de nos tornar próximo, capazes de sair dos nossos círculos para abraçar aqueles que ‘não são dos nossos’ e a quem Deus ansiosamente procura”, pediu.

A intervenção propôs que as comunidades católicas partam ao encontro de quem sofre, com uma mensagem de fé e não apenas como uma “ONG, uma organização para-estatal”.

“Quantas vezes as pessoas sentem mais o peso das nossas instituições que a presença amiga de Jesus”, advertiu.

A fé é questão de encontro, não de teoria. No encontro, Jesus passa; no encontro, palpita o coração da Igreja. Então serão eficazes, não as nossas homilias, mas o testemunho da nossa vida”.

Foto: Ricardo Perna/Família Cristã

O Papa concluiu com o agradecimento a todos os que participaram neste “caminhar juntos”, o significado de Sínodo (palavra de origem grega), realçando que nestes dias se trabalho “em comunhão e com ousadia, com o desejo de servir a Deus e ao seu povo”.

“Que o Senhor abençoe os nossos passos, para podermos escutar os jovens, fazer-nos próximo e testemunhar-lhes a alegria da nossa vida: Jesus, desejou.

Antes da bênção final, na Eucaristia, vai ser lida a carta aos jovens, escrita pelos participantes na 15.ª assembleia geral ordinária do Sínodo dos Bispos.

OC

A reportagem no Sínodo dos Bispos é realizada em parceria para a Agência Ecclesia, Família Cristã, Flor de Lis, Rádio Renascença e Voz da Verdade, com o apoio da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre

 

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