Sínodo 2015: «Receitas imediatas» são insuficientes para resolver problemas da Pastoral da Família

D. José Ornelas considera que o acesso à comunhão de divorciados recasados é «possível e desejável»

Lisboa, 23 out 2015 (Ecclesia) – O bispo nomeado para a Diocese de Setúbal, afirmou à Agência ECCLESIA que o cuidado pastoral da Igreja Católica na família não se resolve com “receitas imediatas” e que a comunhão dos recasados é “possível e desejável”.

“Pensar tudo com realismo, aceitar as diferenças dentro da Igreja e procurar soluções é o verdadeiro caminho de sinodalidade. Problemas destes não se devem reduzir a receitas imediatas, mas há uma atenção nova de acolhimento da realidade familiar num mundo que está a mudar completamente”, disse o bispo nomeado para a Diocese de Setúbal.

Para D. José Ornelas, os problemas relacionados a transmissão da proposta da Igreja para a família “não se resolvem com discursos e depois o Papa escreve uma carta”

“Temos de descobrir caminhos novos para a Igreja em tempos novos”, sublinhou D. José Ornelas em entrevista publicada na última edição do semanário digital Ecclesia.

Para o próximo bispo da Diocese de Setúbal, a situação dos divorciados recasados exige “acompanhamento”, onde se tem de considerar o acesso à “comunhão sacramental”

“O problema é realmente um acompanhamento destas pessoas e a inserção na comunhão e na vida da comunidade eclesial e, para isso, também a participação na Eucaristia, que faz parte desse caminho”, afirmou D. José Ornelas.

O próximo bispo de Setúbal, cuja ordenação episcopal vai decorrer este domingo, considera que o acesso à comunhão dos divorciados recasados é uma “realidade muito possível e desejável”, não para dizer “deixem-nos comungar e está resolvido o problema”, “porque não está”.

“A comunhão sacramental é apenas um aspeto e o Papa repete isso constantemente. Não sendo o único grande problema é parte e não se deve escamoteá-lo. Se essas pessoas não são excomungadas então porque é que estão longe? Tem de haver um caminho a fazer na comunidade onde a comunhão também pode e deve ser inserida neste contexto”, sublinhou.

Para o bispo eleito para Setúbal, o principal resultado do Sínodo dos Bispos sobre a família, que termina este domingo no Vaticano, é a “experiência mais séria de sinodalidade”.

“O facto de o Papa ter convocado uma primeira assembleia sinodal, que continuou depois de uma auscultação e reflexão da realidade eclesial, nesta segunda parte – e já se fala numa terceira – significa que se tomam a sério as coisas”, sustenta.

“Gostaria muito de ver um processo de Igreja sinodal, que discutisse verdadeiramente os problemas com coragem de assumir posições que tenham um caracter de orientações unitárias e manifestações diferentes”, sublinhou D. José Ornelas na entrevista.

D. José Ornelas é natural da Ilha da Madeira, onde nasceu em 1954; o Papa Francisco nomeou-o bispo da Diocese de Setúbal no dia 24 de agosto, onde inicia funções este domingo, dia da ordenação episcopal na Sé diocesana, às 16h00, que vai ser transmitida pela página da internet da diocese de Setúbal.

O semanário digital Ecclesia e o programa 70×7 deste domingo (RTP2, às 11h30) têm por tema central a ordenação de D. José Ornelas e a Diocese de Setúbal.

PR

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Agência ECCLESIA

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