Cardeal Oswald Gracias, um dos responsáveis pela elaboração do texto, sublinha «sentido» pastoral da assembleia
Octávio Carmo, enviado da Agência ECCLESIA ao Vaticano. Fotografia de Ricardo Perna/Família Cristã
Cidade do Vaticano, 22 out 2015 (Ecclesia) – O relatório final do Sínodo dos Bispos sobre a família está pronto e vai começar hoje a ser debatido pela assembleia, anunciou o cardeal Oswald Gracias, um dos responsáveis pela elaboração do texto.
“Estou muito confiante, tenho uma ideia muito clara de que temos – há muitas opiniões – fazer um texto que expresse as preocupações de todos e dê orientações pastorais que sejam aceitáveis para todos”, disse o presidente da Federação das Conferências Episcopais Asiáticas e arcebispo de Bombaim (Índia), em conferência de imprensa.
O responsável revelou que a comissão responsável pelo relatório, com dez elementos, recebeu uma visita breve do Papa, para “agradecer pelo trabalho”, encorajar os participantes e fazer uma referência à “importância da família e da Bíblia”.
“A doutrina, naturalmente, não será mudada”, sustentou o cardeal Gracias, após revelar que existiram 700 a 800 propostas de alterações dos grupos de trabalho, em cinco línguas.
O esforço de organização e redação do relatório final ultrapassou o tempo estabelecido, pelo que foi preciso acrescentar uma manhã de trabalho sobre as emendas.
O texto, que é apresentado esta tarde aos participantes, procurou captar “qual era o sentido da assembleia”, para tentar apresentar uma visão “equilibrada”, sem querer propor “todas as respostas”.
“Este Sínodo não está a fazer doutrina, mas procura uma aproximação pastoral”, com um discurso mais geral, acrescentou o cardeal indiano.
Para já, o relatório final tem menos de 100 parágrafos que os participantes vão discutir também na manhã de sexta-feira, antes de serem votados um a um e numa votação global do texto, este sábado.
“Ainda estamos no caminho da busca”, acrescentou o responsável.
Segundo D. Oswald Gracias, o Sínodo tem debatido a necessidade de “descentralização”, para enfrentar temas específicos, situações particulares, embora a Igreja “seja una”.
“As conferências episcopais podem estudar as questões” para encontrar “soluções pastorais”, precisou.
O encontro com os jornalistas contou ainda com a presença de D. José H. Gómez, arcebispo de Los Angeles (EUA), o qual admitiu que gostaria de ver mais desenvolvidos temas como “imigração”, a “educação” ou a situação dos “indocumentados”.
Para o prelado, há necessidade de aprofundar as propostas de “espiritualidade”, para que o Sínodo ajude as famílias a encontrar novas maneiras de serem “membros ativos da Igreja”.
D. Soane Patita Paini Mafi, de Tonga, o mais jovem membro do Colégio Cardinalício, falou dos desafios que se colocam aos “valores tradicionais familiares” face um período de transição, de globalização, com os desafios do “individualismo” e das “migrações”.
OC