Sínodo 2015: «Ninguém está à espera que a Igreja vá reescrever a sua doutrina» sobre família e matrimónio, diz D. António Marto

Bispo de Leiria-Fátima fala em «problema capital»

Leiria, 16 out 2015 (Ecclesia) – O bispo de Leiria-Fátima destaca que o horizonte do Sínodo sobre a família “é muito mais amplo” do que as questões mediáticas e considera que o Papa motivou a Igreja a refletir sobre “os desafios que se colocam à instituição familiar”.

“Estamos a tratar do problema capital, do qual depende em grande parte a saúde e o bem-estar de uma sociedade e exige um cuidado especial também da parte da sociedade civil e do Estado”, disse D. António Marto.

“A família como primeira célula de uma sociedade é a primeira a sentir os efeitos do abalo sísmico da atual crise socioeconómica, cultural e espiritual”, observou.

Em entrevista ao jornal diocesano ‘Presente’, o bispo de Leiria-Fátima disse pensar que “ninguém está à espera que a Igreja vá reescrever a sua doutrina” e as primeiras conferências de imprensa deram um “tom mais pastoral” à resposta às novas questões “sem pôr em causa a fé, seja do ponto de vista evangélico, seja dogmático”.

D. António Marto revelou que gostaria que do Sínodo dos Bispos sobre ‘A vocação e a missão da família na Igreja e no mundo contemporâneo’, saísse uma “proposta de pastoral familiar global”, que ajude a descobrir a “beleza da família, convincente e que responda aos problemas concretos”.

Para o responsável, “não está em causa a doutrina sobre a indissolubilidade do matrimónio, mas o aspeto pastoral de como acompanhar e cuidar destas famílias”.

“Mesmo no fracasso da relação matrimonial, querem continuar a viver a sua fé como membros vivos”, analisou o também vice-presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), para quem o “pontificado é marcado pela misericórdia”.

Numa sociedade que vive uma pós-modernidade “marcada, sobretudo, pelo individualismo e a globalização da indiferença”, para D. António Marto, a Igreja “tem de fazer uma educação das consciências e dos corações”.

“A Igreja tem de ajudar a viver neste mundo complexo, por exemplo, relativamente aos diversos horários de trabalho dos membros da família, que precisam de saber organizar o tempo e ter possibilidade de se encontrarem”, frisou, alertando para a importância do tempo “de encontro dentro da família e entre as famílias”.

O responsável comentou ainda aspetos mais mediáticos extra assembleia sinodal e entende o caso do padre polaco “foi uma encenação bem orquestrada, para chamar a atenção” e alerta que o “jogo dos lóbis” pretende “desviar a questão”.

“Os problemas são reais e têm de ser enfrentados na perspetiva da fé. É normal existirem grupos de pressão, mas é uma pressão natural, nada de trágico ou dramático. É assim que a Igreja aprofunda as questões, ouvindo cada um”, desenvolveu o prelado.

Neste mesmo contexto mas no âmbito nacional, o vice-presidente da CEP explica que também debateram “alguns” assuntos e “surgiu exatamente a mesma diversidade de pareceres”, “sem qualquer polémica”.

“Foram enviadas para Roma essas duas posições, uma que procura uma solução mais jurídica e outra para uma solução mais pastoral, de misericórdia”, revelou D. António Marto.

Presente/CB/OC

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Agência ECCLESIA

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