Novos relatórios aludem à necessidade de valorizar a proposta cristã sobre a família e o casamento
Cidade do Vaticano, 14 out 2015 (Ecclesia) – Os grupos de trabalho do Sínodo dos Bispos que decorre no Vaticano publicaram hoje novos relatórios, em que multiplicam observações sobre a necessidade de uma “intervenção magisterial” para clarificar a posição da Igreja sobre família e casamento.
“O anúncio do Evangelho da família exige hoje uma intervenção magisterial que possa tornar mais coerente e possa simplificar a atual doutrina teológica-canónica sobre o casamento”, pode ler-se nos documentos, divulgados pela sala de imprensa da Santa Sé.
Os textos, em cinco línguas (francês, inglês, italiano, espanhol e alemão) deixam várias propostas tendo em vista a redação do documento final da assembleia sinodal, presidida pelo Papa Francisco, após nove das 13 sessões de debate previstas nos chamados ‘círculos menores’.
Vários participantes esperam que exista, no final dos trabalhos, um “documento magisterial” e alguns propõem que após a assembleia se abra um período de “paciente busca comum” teológica e pastoral sobre a família.
Um dos textos alerta para a necessidade de apresentar as “razões canónicas” para a anulação dos matrimónios canónicos.
“Temos de ser realistas sobre os problemas matrimoniais e não apenas encorajar simplesmente as pessoas a permanecer juntas”, assinala-se, antes de recordar a “violência contra as mulheres”.
Outro relatório pede “misericórdia para os filhos que sofrem as consequências da violência familiar, o abandono, o divórcio dos seus pais”.
Noutra passagem, o divórcio é colocado ao lado da poligamia e da submissão da mulher como um dos frutos do “pecado”, que desviou a humanidade do plano de Deus, de matrimónio “indissolúvel” e de “igualdade” entre homem e mulher.
A este respeito, o grupo alemão pede “prudência e sabedoria” na aplicação “justa e equitativa” da palavra de Jesus sobre a indissolubilidade do casamento, frisando que não se procuram “exceções” à Palavra de Deus.
Várias propostas rejeitam a linguagem excessivamente “jurídica” sobre o casamento, pedindo antes que se apresente a proposta da Igreja como “graça, bênção, uma aliança de amor”, um “dom de Deus”.
Os participantes lamentam a falta de uma “teologia da família”, por causa da centralização do debate no casamento e na moral, que leva a “repetir coisas óbvias, sem ideias chave e mobilizadoras”.
Tendo em vista o texto final do Sínodo 2015, pede-se que se use uma linguagem “clara e simples” que evite “ambiguidades e equívocos”, superando “falsas oposições”.
Os relatórios sublinham a importância do “contexto cultural” na vivência familiar, apelando a um maior espaço para o ensinamento bíblico sobre a família e à apresentação da proposta cristã de forma concreta e não como um “ideal abstrato”.
Entre as preocupações apresentadas, está a necessidade de não fazer “leituras simplistas” de fenómenos complexos, como a diminuição do número de casamentos ou o surgimento de outras formas de união, particularmente entre os mais jovens, para os quais se sugere a criação de um percurso de “iniciação” ao matrimónio.
OC