D. Manuel Clemente considera que a assembleia sinodal tem já uma «maioria de fundo»
Cidade do Vaticano, 10 out 2015 (Ecclesia) – O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa afirmou no Vaticano que a família cristã é uma “novidade absoluta” e que o Sínodo dos Bispos tem “uma maioria de fundo” e consiste em “manter positivamente a tradição da Igreja”.
“A família como Jesus a vivia e como Jesus a propunha, não é a família que se via em todo lado, nem Israel, e sobretudo, em Roma, ou na Grécia. Havia o divórcio, havia tudo isso. Jesus propôs uma outra família”, disse D. Manuel Clemente à televisão católica francesa KTO.
Para o cardeal-patriarca de Lisboa, a família cristã “era uma novidade naquele tempo e é uma novidade hoje”.
“Isto quer dizer que nós devemos descobrir, neste tempo, a própria novidade do cristianismo, não imediatamente a família, mas a vida cristã”, sublinhou.
D. Manuel Clemente considera que em causa não está uma “tradição social ou cultural”, mas a novidade de uma proposta de vida, que as famílias cristãs devem “não somente viver, mas oferecer às pessoas” para a “reconstrução da própria sociedade”.
O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) reafirmou na entrevista à televisão francesa que vai falar no Sínodo sobre a reconfiguração das comunidades cristãs em “chave familiar, numa perspetiva familiar”.
“É completamente diferente dizer que há duzentos, trezentos, dois mil, três mil católicos praticantes ou dizer ‘tenho cinquenta, cento e cinquenta famílias que são compostas por este, por aquela’… É completamente diferente”, sustentou.
Para D. Manuel Clemente “a organização das comunidades na base da família ou, em geral, como indivíduos, ou como números indistintos, é completamente diferente”, o que se traduz na preparação para o matrimónio “muito cuidada”, na referência à família na catequese, na liturgia, na caridade.
O presidente da CEP sustenta que a “tensão” que pode existir no Sínodo dos Bispos entre quem vive o modelo da família cristã e outras situações familiares acontece também com “outros aspetos da vida” e decorrem da existência “de uma proposta cristã”.
“Há aqueles que a querem seguir e aqueles que já não a seguem. Não é só na vida familiar. É na vida familiar, económica, social, política. Então, mantemos a proposta, estamos próximos daqueles que estão connosco e daqueles que não estão”, acrescentou.
Para D. Manuel Clemente, os participantes na assembleia sinodal têm uma determinação comum e consiste em “manter e desenvolver” a tradição da Igreja.
“Não é qualquer coisa que podemos escolher mas que devemos manter, manter neste tempo, com os problemas deste tempo, porque acreditamos todos que o que Cristo fez, o que Cristo indicou, serve para hoje como servia para aquele tempo”, afirmou.
Na entrevista à KTO, D. Manuel Clemente considera que esta determinação é “a maioria de fundo” que já existe no Sínodo dos Bispos.
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