Sínodo 2015: D. Antonino Dias rejeita cenário de «gigantescas e insuperáveis divisões»

Participantes admitem que relatório final vai deixar questões por resolver

Cidade do Vaticano, 19 out 2015 (Ecclesia) – O presidente da Comissão Episcopal do Laicado e Família da Igreja Católica em Portugal, D. Antonino Dias, rejeitou um cenário de confronto no Sínodo dos Bispos que decorre no Vaticano, falando em “responsabilidade e seriedade” nos trabalhos.

“Não [é] o Sínodo de que alguma comunicação social fala, insinuando gigantescas e insuperáveis divisões entre os participantes. Esse, de facto, não é este Sínodo: aqui decorre o Sínodo que foi convocado pelo Santo Padre e no qual a Igreja inteira teve a possibilidade de participar”, escreve o bispo de Portalegre-Castelo Branco na sua mais recente reflexão sobre a assembleia, partilhada através das redes sociais.

O prelado é um dois delegados da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) na 14ª assembleia geral ordinária do Sínodo dos Bispos, juntamente com D. Manuel Clemente, cardeal-patriarca de Lisboa.

Para D. Antonino Dias, a ausência de “diferenças e divergências” seria algo negativo, dado que “as culturas são diferentes e diferentes são as experiências de vida de cada continente, de cada país e até de cada Igreja Diocesana”.

“E mesmo que os fusíveis pudessem, de quando em vez, aquecer um pouco mais, não seria tendo em visto o receio de perder ou a vontade de ganhar. Tudo é colocado em cima da mesa com a única intenção de buscar a verdade e defender o primeiro e mais precioso património da humanidade: a família”, acrescentou.

Na conferência de imprensa de hoje, D. Mark Coleridge, arcebispo de Brisbane (Austrália), disse aos jornalistas que o trabalha “não acaba” no domingo, dia final deste assembleia sinodal, sublinhando que não existe fundamento para esperar qualquer mudança “no ensinamento da Igreja”.

“Temos necessidade de estar em contacto com a experiência humana”, evitando o “discurso eclesial abstrato”, afirmou ainda.

O prelado sublinhou, em relação aos divorciados que voltaram a casar civilmente, que “nem todos os casos são iguais”.

“O termo adultério é importante, por um lado, mas noutro sentido não diz o suficiente” sobre estas pessoas, observou.

Nesse sentido, o arcebispo australiano convidou a rejeitar uma abordagem de “tudo ou nada” que se limite ao acesso à Comunhão dos divorciados recasados.

“Há um vasto território que nos chama a uma nova criatividade pastoral”, precisou.

D. Fouad Twal, patriarca latino de Jerusalém, também deixou claro que será impossível dar uma resposta a “todos os problemas levantados” neste Sínodo

“É mais do que normal que tenhamos muitas questões na cabeça”, admitiu.

A este respeito, o patriarca confessou que muitos participantes ficaram sensibilizados quando se ouviu na sala o episódio da criança que partiu a sua hóstia em três, numa cerimónia de Primeira Comunhão, para a partilhar com os pais, divorciados recasados e, como tal, impedidos de comungar.

“Não podemos nunca generalizar, é melhor estudar caso a caso, voltando à Igreja local, ao bispo local que pode conhecer melhor a situação”, referiu depois D. Fouad Twal.

D. Enrico Solmi, bispo de Parma (Itália), também falou aos jornalistas e disse que espera que o Sínodo 2015 não seja “cosmético”, mas saiba “incidir sobre a vida da Igreja, colocando a família no lugar que a espera”.

O prelado valorizou a atitude de “escuta” durante os trabalhos e projetou a criação de percursos de “discernimento” para as várias situações que se vivem nas comunidades paroquiais.

OC

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Agência ECCLESIA

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