Participantes admitem confusão mas dizem que trabalhos avançam
Cidade do Vaticano, 09 out 2015 (Ecclesia) – O Sínodo dos Bispos sobre a família entrou hoje no Vaticano numa segunda fase, após quatro dias de trabalhos com alguma “confusão”, como admitiu hoje o cardeal Luis Antonio Tagle, arcebispo de Manila (Filipinas).
“É bom ficar confusos, de vez em quando”, referiu o responsável, em conferência de imprensa, no dia em que foram publicados os primeiros relatórios dos 13 grupos de trabalhos (círculos menores).
Os textos assinalam, em várias passagens, que os participantes não têm consciência plena do que se espera das suas deliberações ou para quem é que estas são dirigidas.
O cardeal filipino, um dos três presidentes delegados [pelo Papa] do Sínodo, sublinhou que além das grandes reuniões gerais, os trabalhos incluem agora “mais tempo para estar nos círculos menores”, em vez de ouvir 300 intervenções consecutivas.
“A qualidade da discussão vai ser mais profunda”, adiantou.
D. Luis Antonio Tagle disse ainda não saber qual será a decisão do Papa sobre uma exortação apostólica pós-sinodal, recordando que o Beato Paulo VI (1897-1978) deixava que os Sínodos publicassem os seus documentos como os textos finais da assembleia.
O cardeal desvalorizou as críticas ao documento de trabalho do Sínodo 2015, afirmando mesmo que este é um texto “mártir”, destinado a ser transformado.
Os trabalhos estão centrados no “cuidado pastoral” e não em mudanças doutrinais, prosseguiu.
“Todos os grupos disseram: celebremos também a beleza da família, o compromisso de muita gente em preservar as famílias”, adiantou.
O presidente da Conferência Episcopal dos Estados Unidos da América, D. Joseph E. Kurtz, bispo de Louisville, também falou aos jornalistas, tendo começado por elogiar o “forte sentido de unidade” que se vive no Sínodo.
A assembleia de bispos, observou, é desafiada a valorizar os esforços “heroicos” de várias famílias cristãs, a evitar uma visão “eurocêntrica” e propor uma linguagem “mais simples, compreensível e que inspire”.
Nesse sentido, o prelado disse esperar que se chegue a conclusões que “o mais claras possíveis”, depois de três semanas de trabalho.
D. Carlos Osoro Sierra, arcebispo de Madrid, também marcou presença na conferência de imprensa, tendo insistido na importância de valorizar a família como “estrutura originária” da vida humana.
Num tom mais pessoal, o responsável confessou que “o melhor” da sua vida foi aprendido numa “família simples” e não na universidade: “Saber amar, respeitar, acreditar e respeitar os mais velhos”.
O vice-presidente da Conferência Episcopal Espanhola deixou críticas à ideologia do género e às políticas de trabalho ou habitação pouco favoráveis à família.
OC