Sínodo 2014: «Redefinição» do matrimónio ignora distinção entre homem e mulher

Documento de trabalho aborda desafios pastorais levantados pelas uniões entre pessoas do mesmo sexo

Cidade do Vaticano, 26 jun 2014 (Ecclesia) – O documento de trabalho (instrumentum laboris) da assembleia extraordinária do Sínodo dos Bispos marcada para outubro refere que a equiparação ao casamento das uniões entre pessoas do mesmo sexo é um “redefinição do matrimónio”.

“Existem países nos quais se deve falar de uma verdadeira redefinição do matrimónio, que reduz a perspetiva sobre o casal a alguns aspetos jurídicos como a igualdade dos direitos e da ‘não-discriminação’, sem que haja um diálogo construtivo sobre as relativas questões antropológicas”, refere o texto, apresentado hoje pelo Vaticano.

Em causa, acrescenta, está a difusão da ideologia do género, que “por detrás da ideia de remoção da homofobia” propõe uma “subversão da identidade sexual”.

O próximo Sínodo tem como tema os “desafios pastorais sobre a família” e será seguido por uma assembleia ordinária em 2015.

Segundo o documento de trabalho para esta assembleia, as “reações extremas” às uniões homossexuais, tanto de condescendência como de intransigência, “não facilitaram o desenvolvimento de uma pastoral eficaz, fiel ao Magistério e misericordiosa para com as pessoas em causa”.

Na preparação para este Sínodo, foi enviado às conferências episcopais de todo o mundo um questionário com 38 perguntas para promover uma consulta alargada às comunidades católicas sobre as principais questões ligadas à família e ao casamento.

“Muitos fiéis exprimem-se a favor de uma atitude respeitosa e não julgadora em relação a estas pessoas, e em benefício de uma pastoral que procure acolhê-las. No entanto, isto não significa que os fiéis estejam a favor de uma equiparação entre matrimónio heterossexual e uniões civis entre pessoas do mesmo sexo”, revela o Vaticano.

“O grande desafio será o desenvolvimento de uma pastoral que consiga manter o justo equilíbrio entre acolhimento misericordioso das pessoas e acompanhamento gradual rumo a uma autêntica maturidade humana e cristã”, acrescenta o texto.

O documento refere, por outro lado, que se as pessoas que vivem em uniões do mesmo sexo pedirem Batismo para um filho, este “deve ser acolhido com a mesma atenção, ternura e solicitude que recebem os outros”.

A preparação para o sacramento deverá ser “particularmente cuidada pelo pároco”, com uma “atenção específica na escolha do padrinho e da madrinha”.

A terceira assembleia extraordinária do Sínodo dos Bispos vai decorrer no Vaticano entre os dias 5 e 19 de outubro, com a participação de mais de 180 pessoas, entre presidentes de conferências episcopais, religiosos, responsáveis da Santa Sé, peritos e outros convidados.

OC

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