Sínodo 2012: Burocracia e falta de formação dos católicos travam nova evangelização

Trabalhos traçam cenário de descristianização, em particular na Europa

Octávio Carmo, enviado da Agência ECCLESIA ao Vaticano

Cidade do Vaticano, 11 out 2012 (Ecclesia) – O excesso de burocracia na Igreja e a falta de formação dos católicos estiveram no centro das preocupações em várias intervenções no Sínodo dos Bispos 2012, a decorrer no Vaticano, sobre o tema da nova evangelização.

O arcebispo italiano D. Rino Fisichella, presidente do Conselho Pontifício para a Promoção da Nova Evangelização, observou que ao longo do tempo se tem “burocratizado a vida de fé e sacramental” e se perdeu a consciência de que “ser batizado equivale a ser evangelizador”.

“Incapazes de ser propositivos do Evangelho, fracos na certeza da verdade que salva e cautelosos, porque oprimidos pelo controlo da linguagem, perdemos a credibilidade”, observou o colaborador de Bento XVI.

O cardeal Jean-Louis Tauran, presidente do Conselho Pontifício para o Diálogo Inter-religioso, apresentou como prioridade a formação de “cristãos coerentes, capazes de responder a respeito da própria fé, através de palavras simples e sem medo”

A 13ª assembleia geral ordinária do Sínodo dos Bispos, um organismo consultivo convocado pelo Papa, tem como tema ‘A nova evangelização para a transmissão da fé cristã’.

O cardeal Stanislaw Rylko, presidente do Conselho Pontifício para os Leigos, falou aos mais de 260 prelados reunidos no Vaticano do trabalho realizado por movimentos e novas comunidades católicas, um recurso que considera “ainda não plenamente valorizado”.

O membro da Cúria Romana diz que nestas realidades se promove “experiências muito sérias e exigentes de formação de leigos para uma fé adulta, capaz de responder adequadamente aos desafios da secularização”.

Já o presidente do Conselho das Conferências Episcopais da Europa (CCEE), cardeal Peter Erdo, apresentou aos participantes no Sínodo um relatório sobre a situação do Velho Continente, alertando para o aumento da “ignorância a respeito da fé cristã”.

O arcebispo de Budapeste (Hungria) afirmou que “muitos media divulgam uma apresentação da fé cristã e da história que frequentemente abunda em calúnias, desinformado o público”.

“A descristianização é acompanhada por repetidos ataques jurídicos, e por vezes físicos, contra a presença visível das manifestações da fé”, observou.

No mesmo sentido, o cardeal Tauran pediu que se denuncie “com a máxima força, a violência que fere e mata, ainda mais injustificada quando se escuda por detrás de uma religião”.

“A harmonia entre crentes dá às sociedades de que estes fazem parte uma dimensão espiritual da vida, antídoto para a desumanização e os conflitos”, acrescentou.

Os trabalhos do Sínodo dos Bispos prosseguem até ao próximo dia 28, com a presença de dois representantes da Conferência Episcopal Portuguesa: D. Manuel Clemente, bispo do Porto, e D. António Couto, bispo de Lamego.

OC

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