Assembleia decorre até domingo, no Vaticano, dedicada ao tema da nova evangelização
Roma, 27 out 2012 (Ecclesia) – O bispo do Porto e vice-presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) afirmou que a Igreja tem de acompanhar de perto as “vidas pessoais” dos seus fiéis para garantir o sucesso da ação de nova evangelização.
D. Manuel Clemente falava no Pontifício Colégio Português, em Roma, numa tertúlia sobre o Sínodo dos Bispos 2012 que decorre até domingo, no Vaticano.
Segundo este responsável, um dos pontos comuns às centenas de intervenções proferidas na 13ª assembleia geral sinodal foi a “a absoluta necessidade de se acompanharem as vidas pessoais de cada cristão em comunidades que o sejam realmente. Não havendo vida comunitária não é possível haver iniciação cristã”.
Neste sentido, o grande objetivo, no seu entender, é levar à prática o que já foi proposto no Sínodo de 1985, isto é, transformar as “paróquias em comunidades de comunidades” e, como disse João Paulo II, “fazer da paróquia uma família de famílias”.
O encontro contou com a presença do bispo de Lamego, D. António Couto, que também representa a CEP nesta assembleia, e do bispo de Baucau, Timor Leste, D. Basílio do Nascimento.
A 13ª assembleia geral ordinária do Sínodo dos Bispos, um organismo consultivo criado por Paulo VI em 1965, tem como tema ‘A nova evangelização para a transmissão da fé cristã’ e decorre até domingo, quando se conclui com uma missa presidida por Bento XVI na Basílica de São Pedro, a partir das 09h30 (hora local, menos uma em Lisboa).
Para D. António Couto, que preside à Comissão Episcopal da Missão e Nova Evangelização da CEP, “a Igreja de ontem, de hoje e de sempre deverá possuir os traços do rosto de Jesus Cristo”.
Nesse sentido, a nova evangelização não passará por uma eficiência pastoral ou o “estruturar-se em formas sociologicamente mais eficazes”, mas, sobretudo, por promover o encontro pessoal com Cristo.
“Podemos não saber muita teologia, mas todos sabemos qual era o estilo de Jesus”, afirmou o bispo de Lamego.
D. António Couto considera “fundamental” apresentar a mensagem cristã com uma linguagem “incisiva”, “bela”, para que as pessoas se sintam “envolvidas por ela”.
D. Basílio do Nascimento, por sua vez, reconheceu que a questão da nova evangelização é, sobretudo, europeia.
“As pessoas não se afastaram de Deus, nem se afastaram da Igreja, mas o Evangelho é anunciado numa linguagem que não é a delas”, alertou o presidente da Conferência Episcopal Timorense.
Os mais de 260 participantes na assembleia convocada por Bento XVI – um número recorde – reuniram-se em 21 ‘congregações gerais’ desde o dia 7 deste mês e vão hoje votar e aprovar as propostas com que o Papa deve redigir, posteriormente, a exortação apostólica conclusiva do evento.
Em declarações à Rádio Vaticano, D. Manuel Clemente afirmou que esta nova evangelização tem uma “incidência particular” nas populações e setores em que “o Evangelho já foi uma realidade viva e hoje está diluído, como memória”.
“O que é específico [da nova evangelização] é reavivar a fé onde ela foi desaparecendo”, conclui.
PCC/RV/OC