Papa Leão XIV criou mais dois grupos que abordam «A liturgia numa perspetiva sinodal» e «Estatuto das Conferências Episcopais, das Assembleias Eclesiais e dos Concílios Particulares»

Cidade do Vaticano, 17 nov 2025 (Ecclesia) – Os grupos de estudos criado pelo Papa Francisco para “aprofundar questões emergentes” saídas da Assembleia do Sínodo dos Bispos apresentaram hoje um relatório preliminar, apontando para documentos conclusivos a 31 de dezembro.
“Alguns grupos estão prestes a concluir seu trabalho, outros continuarão ainda nos próximos meses”, escreveu o cardeal Mario Grech, secretário-geral do Sínodo, numa nota que acompanha a publicação.
O Papa Leão XIV quis acrescentar dois novos grupos, “à luz do Documento final, e que começaram a trabalhar no final de julho de 2025”: «A liturgia numa perspetiva sinodal» e «Estatuto das Conferências Episcopais, das Assembleias Eclesiais e dos Concílios Particulares».
| De acordo com o portal de notícias do Vaticano, o relatório do Grupo 1, sobre as relações entre as Igrejas católicas orientais e a Igreja latina, indica que entre os temas que se propõe desenvolver está a “possível revisão das normas do Direito canônico oriental”.
O Grupo 2, sobre o tema da escuta do clamor dos pobres e da terra, indica ter recolhido “mais de 200 contribuições de institutos religiosos femininos”, estando em contato com várias redes e Igrejas locais. Sobre a missão da Igreja no ambiente digital, o Grupo 3, lançou a iniciativa «A Igreja escuta-te», “com as experiências de acompanhamento digital” desenvolvidas por “1.618 missionários digitais de 67 países com jovens e pessoas que vivem à margem”, e realçam também o diálogo com a Comissão Pontifícia para a Proteção de Menores, sobre “questões éticas e de proteção nos contextos digitais”. O Grupo 4, dedicado à ‘Ratio Fundamentalis Institutionis Sacerdotalis”, sobre a formação sacerdotal, com data de 2016, sustenta o seu trabalho numa revisão do documento em “chave sinodal”, procurando que “possa acolher também a necessidade de ‘uma formação mais inserida na experiência do Povo de Deus’”, favoreça “partilha entre leigos, consagrados, seminaristas” e haja ainda “maior participação das mulheres e das famílias”. O Grupo 5, que assume o tema da participação das mulheres na vida e na liderança da Igreja, apresenta “referências às tensões críticas em relação ao clericalismo e ao machismo”, com contributos de Francisco e Leão XIV sobre este assunto. Sobre o acesso das mulheres ao diaconato, tema que está a ser analisado pela Segunda Comissão de Estudo, reativada por Francisco, o relatório indica terem sido “enviados todos os contributos emergentes dos trabalhos sinodais e relativos à questão em causa”, e acrescenta que os resultados “serão divulgados em breve”. O trabalho do Grupo de Estudo 6 está a analisar as “relações entre bispos e consagrados, a colaboração entre Conferências Episcopais e Conferências dos Superiores Maiores, as relações entre agregações eclesiais e Igrejas locais”. O Grupo 7, que tem como tema a figura e ministério do Bispo, afirma ter escutado cerca de 200 pessoas nos últimos meses. “Os critérios de seleção dos candidatos ao episcopado, com a participação dos bispos do território e dos fiéis; a formação inicial e permanente dos bispos; a função judicial do pastor; a natureza e o desenrolar das visitas ad limina são as diretrizes que orientaram o trabalho do Grupo de Estudo 7”, afirma o relatório. O grupo acedeu, às “instruções confidenciais” enviadas às Nunciaturas sobre o procedimento para as nomeações episcopais nos territórios de competência do Dicastério para os Bispos e para a Evangelização, e uma das necessidades que indica pede “um envolvimento mais incisivo dos bispos do território” nas Igrejas locais. O Grupo 8 sobre o papel dos representantes pontifícios no desenvolvimento de uma perspetiva mais missionária e sinodal, indica como tema em análise o “processo de seleção dos candidatos para a Academia e sua formação”, a “assistência aos membros do Serviço Diplomático nos primeiros anos de atividade”, os “encontros regionais entre núncios”, e os “cuidados após a aposentadoria”. O trabalho do Grupo 9 centra-se em questões “doutrinárias, pastorais e éticas ‘controversas’”, “também sobre questões que parecia adequado definir como ‘emergentes’ mais do que controversas, tais como homossexualidade, conflitos e prática não violenta do Evangelho, violência contra as mulheres em situações de conflito armado. Este grupo assume como horizonte o “princípio da pastoralidade”, o objetivo de “fornecer alguns critérios de referência, mais do que soluções que sirvam para todos”, e a lógica de que “não há anúncio do Evangelho de Deus sem o reconhecimento e a promoção da subjetividade do outro”. O Grupo 10, sobre o caminho ecuménico, aprofundou três questões sobre «sinodalidade e primado petrino», «hospitalidade eucarística, com especial atenção aos casais e famílias interconfessionais» e «o fenómeno das comunidades ‘não denominacionais’ e os movimentos de ‘despertar’ de inspiração cristã”. O grupo trabalha na finalização de propostas concretas para a apresentação “um relatório abrangente com diretrizes práticas”. |
O Grupo dedicado à liturgia numa perspetiva sinodal, criado pelo Papa Leão XIV, está a ser coordenado pelo Dicastério para o Culto Divino, e centra-se na “ligação entre a celebração eucarística e a vida sinodal missionária da Igreja”, estando em análise temas como “promover, em particular, o reconhecimento do papel das mulheres, sobretudo onde estas continuam a sofrer formas de discriminação, também através da valorização, nos lecionários litúrgicos, dos testemunhos bíblicos sobre o papel das mulheres na história da salvação”.
A Comissão Canónica, cujo relatório é acrescentado aos grupos de estudo, indica que reuniu oito vezes e abordou temas sobre “laicato/mulher; Conferências Episcopais/Concilios particulares; organismos de participação”, mantendo-se disponível para “analisar questões teológicas apresentadas pelos Grupos de Estudo existentes e para oferecer interpretações canónicas”.
Sobre o tema da poligamia, “a Igreja na África constituiu um grupo de especialistas no seio da SECAM (Simpósio das Conferências Episcopais de África e Madagáscar), com 12 membros para “promover um discernimento teológico e pastoral sobre a poligamia” e como acompanhar as “pessoas em uniões poligâmicas que se aproximam da fé”.
“Não foi publicado nenhum relatório do Grupo sobre as Conferências Episcopais, Assembleias Eclesiais e Concílios Particulares, cuja constituição está em fase inicial”, destaca a nota.
O cardeal Mario Grech explica que a “riqueza e complexidade dos temas” confiados aos grupos de trabalho “exige mais tempo do que o inicialmente previsto”, tendo a morte de Francisco, a 21 de abril, e a eleição de Leão XIV, a 8 de maio, dilatado os prazos.
LS/PR
