Arte dos monges beneditinos aposta, nos últimos 10 anos, na criação de alfaias para a liturgia em madeira

Santarém, 09 out 2025 (Ecclesia) – O abade do Mosteiro de Singeverga afirmou que o licor produzido pelos monges é um “produto diferenciador” da presença beneditina em Portugal, há 90 anos, que aposta também na criação de peças em madeira, litúrgicas e de decoração.
“Singeverga queria também criar um elemento que no fundo fosse a figura do próprio mosteiro, dentro dessa tradição monástica da Europa”, disse o padre Bernardino da Costa à Agência ECCLESIA, em Santarém, durante Mostra de Doces e Licores Conventuais.

O dom abade da Abadia de S. Bento de Singeverga disse que, depois da comunidade já estar “mais ou menos estabelecida”, após o período da República de 1910, procurou ter um produto que fosse identificado com o mosteiro, “tal como as outras abadias o tinham”.
“Foi aí que convidou um engenheiro químico que, com os primeiros monges, os monges que estavam lá na altura, criaram a fórmula com que ainda hoje se produz”, afirmou.
O Licor de Singeverga é produzido há 90 anos com a mesma fórmula, mantendo “sempre o mais original possível”, é “feito artesanalmente”, com a ajuda de máquinas para movimentar as pipas e para “fazer a destilação”.
“É tudo muito manual, é tudo o trabalho dos monges”, afirmou o padre Bernardino da Costa, que mais recentemente começou a apostar na criação artística em madeira.

“Temos uma grande oficina de madeiras, onde produzimos alfaias litúrgicas, também para decoração de casas”, indicou o abade do Mosteiro de Singeverga, exemplificando com obras de arte presentes na Mostra de Doces e Licores Conventuais.
O padre Bernardino da Costa sublinhou a “inspiração bíblica” que está presente em todas as peças, mas de uma “forma muito abrangente”: “é uma maneira também de evangelizar e de mostrar como através da madeira podemos também transmitir a Sagrada Escritura às pessoas”.
O abade do Mosteiro do mosteiro de Singeverga lembrou que todos os mosteiros têm uma dedicação à arte, para mostrar que “é possível transmitir a Palavra de Deus”
“Se visitar um mosteiro lá fora, Montserrat, Silos, Monte Cassino, vê arte em todo lado. São Bento disse logo: num mosteiro deve ter artífices e até devem vender as coisas mais baratas do que os seculares”, afirmou.
A IX Mostra de Doces e Licores Conventuais decorreu nos dias 3, 4 e 5 de outubro, no Museu Diocesano de Santarém, e é, para o abade do Mosteiro de Singeverga, uma oportunidade no “campo pastoral”, que decorre num ambiente “muito familiar”.
PR