Singapura: Francisco sublinha centralidade da dimensão humana no desenvolvimento e pede respeito pelas diferenças

Mais de 50 mil pessoas participaram no maior evento público da visita do Papa

Foto: Lusa/EPA

Singapura, 12 set 2024 (Ecclesia) – O Papa presidiu hoje à Missa no Estádio Nacional ‘SportsHub’, de Singapura, sublinhando a importância da dimensão humana no desenvolvimento do país, marcado pela diversidade étnica e religiosa.

“Nada de duradouro nasce e cresce sem amor” disse, perante as mais de 50 mil pessoas que participaram no maior evento público da visita, iniciada na tarde de quarta-feira.

Francisco realçou que, por trás de cada obra, “há tantas histórias de amor a descobrir”.

“Homens e mulheres unidos entre si numa comunidade, cidadãos dedicados ao seu país, mães e pais devotados às suas famílias, profissionais e trabalhadores de todos os tipos e graus, empenhados de forma honesta nas suas diferentes funções e tarefas”, indicou.

O Papa chegou ao Estádio Nacional num carrinho de golfe e passou entre os presentes, parando várias vezes para saudar crianças e bebés.

A intervenção destacou os avanços tecnológicos e arquitetónicos do arquipélago, sublinhando que nestas construções “não está em primeiro lugar, como muitos pensam, o dinheiro, nem a técnica, nem sequer a engenharia – sem dúvida, meios úteis – mas sim o amor”.

“Não há nenhuma obra boa que não tenha por detrás pessoas talvez geniais, fortes, ricas, criativas, mas ainda assim mulheres e homens frágeis como nós, para quem se não há amor não há vida, nem impulso, nem razões para agir, nem força para construir”, precisou.

Francisco alertou para a tentação de confiar em si mesmo para obter “riqueza, bem-estar e felicidade”.

“A vida conduz-nos, em última análise, a uma verdade: sem amor, não somos nada”, insistiu.

Singapura tem 5,6 milhões de habitantes e conta com a presença de várias religiões: o budismo é maioritário (26%) e os cristãos são 17%, mas os católicos representam pouco mais de 3% da população; São João Paulo II visitou a cidade-Estado em 1986.

O Papa citou a homilia que o seu antecessor proferiu, há 38 anos, para referir que “o amor é caracterizado por um profundo respeito por todas as pessoas, independentemente da sua raça, do seu credo religioso ou de qualquer outra coisa que as torne diferentes”.

Além do espanto perante as obras feitas pelo homem, há uma maravilha ainda maior, a ser abraçada com muito mais admiração e respeito, isto é, os irmãos e irmãs que encontramos todos os dias no nosso caminho, sem preferências nem distinções, como nos mostra a sociedade e a Igreja de Singapura, etnicamente tão diversas e, ao mesmo tempo, tão unidas e solidárias”.

Foto: Lusa/EPA

A homilia evocou a figura São Francisco Xavier, que passou várias vezes por este território, a última das quais no dia 21 de julho de 1552, poucos meses antes da sua morte.

Francisco pediu que os católicos se inspirem no exemplo do missionário jesuíta, num “compromisso constante a escutar e a responder prontamente aos apelos de amor e de justiça que, ainda hoje, continuam a chegar da infinita caridade de Deus”.

A celebração, em inglês, teve orações em chinês, malaio e tâmil, com uma prece especial pelas vítimas do tufão no Vietname.

O site oficial da visita apresentou um grupo de Malaca – território que esteve sob domínio português entre 1511 e 1641 -, que assume a esperança de que “o Papa Francisco possa visitar a China”.

No final da celebração, depois das palavras de agradecimento do Arcebispo de Singapura, Cardeal William Goh Seng Chye, Francisco regressa de carro à casa de retiros “São Francisco Xavier”, que serve de residência oficial durante esta visita.

OC

O programa da viagem conclui-se esta sexta-feira, incluindo um encontro com bispos e sacerdotes, em privado, cumprimentando ainda os superiores religiosos de Singapura.

A Conferência Episcopal da Malásia, Singapura e Brunei, criada nos anos 60 do século XX, reúne os bispos das três arquidioceses e seis dioceses da Malásia, da Arquidiocese de Singapura e do Vicariato Apostólico do Brunei.

A viagem passa pela Casa de Santa Teresa, instituída em 1935 pelas Irmãzinhas dos Pobres, para o cuidado dos idosos e doentes, atualmente gerida pelo ‘Board of Catholic Welfare Services’ (Conselho dos Serviços Católicos de Assistência Social).

O programa segue no ‘Catholic Junior College’, instituição pré-universitária, fundado em 1975 pela Igreja Católica local.

O espaço acolhe, pelas 10h00 locais (03h00 em Lisboa), o encontro inter-religiosos com jovens, que vai resultar num apelo conjunto.

No final do encontro, o Papa desloca-se para a zona de acolhimento dos estudantes, onde dois jovens lhe apresentaram brevemente a exposição ‘Juntos na Unidade e na Esperança’ e o convidam a completar um quadro.

Francisco vai cumprimentar os 10 líderes religiosos presentes no encontro, antes seguir para o aeroporto internacional de Singapura, dando início ao voo de regresso a Roma, um percurso de 9567 km e 12h35 que sobrevoa os territórios da Indonésia, Malásia, Tailândia, Birmânia, Índia, Paquistão, Afeganistão, Tadjiquistão, Usbequistão, Turquemenistão, Azerbaijão, Geórgia, Turquia, Grécia, Albânia e Itália.

A 45ª visita apostólica do Papa, viagem mais longa do pontificado, iniciada a 2 de setembro, já passou pela Indonésia, Papua-Nova Guiné e Timor-Leste.

 

 

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Agência ECCLESIA

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