Sibiu, esperança para o ecumenismo

Sibiu, Capital Europeia da Cultura, a 315 kms a norte de Bucareste, acolheu a III Assembleia Ecuménica Europeia, de 4 a 9 de Setembro. ‘A Luz de Cristo ilumina todos os Humanos. Esperança e renovação e unidade na Europa’ foi o tema que congregou cerca de 2500 delegados provenientes de toda a Europa e representantes de algumas dezenas de Confissões Cristãs. Esta ‘Peregrinação Ecuménica’ (como lhe chama a Mensagem Final) começou com um Encontro em Roma (sede do Catolicismo), seguido de outro em Wittenberg (símbolo do Protestantismo) e teve a sua conclusão com esta Assembleia realizada em Sibiu, na Roménia, país de maioria absoluta Ortodoxa. Esta Encontro é a única assembleia regular de responsáveis de Igrejas da família católica-romana, ortodoxa, anglicana e protestante no mundo. Durão Barroso, um dos intervenientes na Assembleia, felicitou a escolha de Sibiu, por ser ‘um caso exemplar de integração, pela diversidade dos grupos étnicos, das culturas e das confissões que aqui coexistem’. O presidente da Câmara apresentou Sibiu como ‘cidade de pluralismo cultural e religioso, um bom exemplo de uma coabitação sadia, pacífica e frutuosa de todas as religiões’. A acrescentou um dado estatístico: o centro histórico acolhe nove Igrejas que pertencem a cinco confissões diferentes. A Escolha de Sibiu também se deve à ‘obrigação’ simbólica de se escolher uma cidade de maioria ortodoxa, depois da I Assembleia se ter realizado em Basileia (Suiça, 1989) e Graz (Áustria, 1997). Para os delegados que tiveram que chegar a Sibiu a partir de Bucareste, a complicação foi a de enfrentar as mais de 6 horas de autocarro ou cinco e meia de comboio. Para testar os dois caminhos, fiz a ida por estrada e o regresso sobre carris. A força das mensagens A Abertura Oficial, na manhã de 5 de Setembro, realizou-se na enorme tenda montada na Piata Maré. Saliento duas intervenções e duas mensagens. O Cardeal Erdo, de Budapeste, Presidente do Conselho das Conferências Episcopais da Europa (CCEE), fez um balanço do caminho percorrido, de Basileia a Graz, onde as questões da Ecologia e da Reconciliação foram reflectidas. Sobre o caminho ecuménico feito, disse: ‘Nos últimos decénios, aprendemos a conhecer-nos, a respeitar-nos, a estimar-nos, a manifestar por uma colaboração concreta a comunhão que já existe entre nós, apesar de não ser completa, infelizmente. Dissipamos, em parte, os nossos medos’. O objectivo desta Assembleia era aprofundar e viver o cristianismo, aprendendo a responder juntos aos desafios lançados pela modernidade e secularização. No fim da Assembleia, cabe aos delegados a missão de ‘multiplicar’ e ser ‘mensagem viva’ do ‘espírito de Sibiu’. Jean-Arnold de Clermont, Presidente do Conselho Ecuménico das Igrejas (CEE), evocou a ‘Carta Ecuménica’, assinada em Estrasburgo em 2001, que escreveu os ‘postes indicadores da vida das Igrejas: unidade, espiritualidade, missão, justiça, diálogo inter-religioso. Estes indicam-nos o sentido do caminho. Sibiu devia trazer a coragem de conversarmos uns com os outros para encontrarmos juntos o caminho da conversão e para acolher o Espírito de Deus que conduz a uma vida nova. O Papa Bento XVI, em visita pastoral à Áustria, dirigiu uma mensagem onde diz que o Ecumenismo tem de ser uma prioridade pastoral. Pediu um verdadeiro diálogo onde é preciso saber escutar. Apelou ao ecumenismo espiritual, ao diálogo de verdade e ao encontro sob o signo da fraternidade. Concluiu que a Europa precisa de espaços de encontro e de experiências de unidade na Fé sob a orientação do mesmo Espírito. Traian Basescu, Presidente da República da Roménia, considerou necessária a reflexão sobre o papel das Igrejas nas sociedades e afirmou a vocação da Roménia como espaço de diálogo e cooperação para o bem de toda a Europa, no ano em que este país passou a integrar a União Europeia. As conferências da manhã foram sobre ‘ A Luz de Cristo e a Igreja’ (5 setembro), ‘A Luz de Cristo e a Europa’ (6 Setembro) e ‘A Luz de Cristo e o Mundo’ (7 Setembro). ‘Ágora’ e espaços de ‘Fórum’ A pluralidade das experiências cristãs na Europa ficou mais visível na exposição na ‘Ágora’, a ‘praça ecuménica e nos ‘Fora’, momentos de partilha em primeira pessoa. Houve ainda espaços de apresentação de iniciativas ecuménicas. A delegação portuguesa, com representantes de várias Igrejas Cristãs, organizou um espaço de exposição na ‘Ágora’ sobre a ‘Peregrinação da Esperança’ que se está a realizar em Portugal com a passagem do Círio e da Cruz Ecuménica Jovem por todo o país, a suscitar momentos de encontro, reflexão e oração pela Unidade. Houve ainda, na Faculdade de Teologia Ortodoxa, um encontro organizado pela delegação Portuguesa para partilhar o ‘Ecumenismo Jovem’ em Portugal. Mensagem Final A Mensagem Final, aprovada no último dia, apresenta dez recomendações, desde a urgência de iniciativas que ajudem a continuar a caminhada ecuménica, passando pela solidariedade com as Igrejas perseguidas, pelo apoio aos imigrantes, refugiados e vítimas de tráfico humano. É urgente trabalhar pela paz, pela concretização dos objectivos do milénio de combate á pobreza, pela justiça ecológica, perdão da dívida aos países pobres e pelo comércio justo. Finalmente, há um apelo ao desenvolvimento da ‘Carta Ecuménica’. O Irmão Alois, Prior de Taizé, lançou um apelo á criação de encontros de oração ecuménicos, sobretudo com jovens, a partir da longa e bem sucedida experiência da Comunidade fundada pelo Irmão Roger. Tony Neves, Em Sibiu – Roménia

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Agência ECCLESIA

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