D. Jorge Ortiga sobre a eutanásia destaca que «vida pertence única e exclusivamente a Deus»
Braga, 25 mar 2016 (Ecclesia) – O arcebispo de Braga alertou para a importância de entender-se a “urgência da compaixão” que leva a assumir a “figura do Cireneu que carrega e alivia a cruz dolente”, na homilia desta Sexta-feira Santa.
“O evento histórico das três horas da tarde, em que o véu do tempo se rasgou de alto a baixo, atualiza-se nesta celebração. Não podemos, por isso, ficar inertes, estacados perante o horror da dor e do sofrimento”, explicou D. Jorge Ortiga, esta tarde na Sé de Braga.
Na homilia enviada à Agência ECCLESIA, o prelado sublinhou a importância de cada um ver “as dores e não passar à frente”: “Na Paixão somos convidados a entender a urgência da compaixão e, padecendo com Cristo, a assumir a figura do Cireneu que carrega e alivia a cruz dolente.”
Por isso, convidou todos os fiéis a replicarem o gesto “profundamente cristão de beijar a cruz de Cristo”, como o fizeram o Cireneu e Maria, que “viram e beijaram a cruz”.
“Não pela cruz, porque ela mesma não é o símbolo cristão, mas por amor ao crucificado e à pessoa que se sente esmagada pela dor. Vendo Jesus na cruz, rezemos por quem sofre, pelos inocentes e por quem nunca teve um cireneu ao seu lado”, desenvolveu.
Neste contexto, o arcebispo de Braga pediu que, para além, de se procurar a face de Cristo no crucifixo, cada um deve “encontrá-la nas situações dolorosas pessoais” e de quantos cada um cruza-se no “peregrinar da vida”.
Na sua homilia, o também presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana recordou um ano “marcado por atrozes atentados à vida e à dignidade humana”: “Centenas de cristãos foram perseguidos e mortos na Síria. Milhares de refugiados morreram na travessia do mar Egeu. Dezenas de pessoas foram assassinadas em atos terroristas.”
“Que mundo é este que estamos a construir?”, questionou, recordando a violência dos atentados em Bruxelas, esta terça-feira, pedindo aos presentes que sejam “veementes no seu repúdio e gritar com voz alta a falsidade” da “violência em nome de Deus”.
D. Jorge Ortiga comentou também que a campanha da eutanásia está presente na sociedade e observou que “o domínio sobre a vida pertence única e exclusivamente a Deus”, apelando que os cristãos mostrem “o valor” das suas convicções.
“A tradição cristã é muito clara ao afirmar que o amor é a única linguagem capaz de vencer a morte”, concluiu o arcebispo de Braga, divulga o Departamento de Comunicação Social da arquidiocese.
O prelado destacou que o Ano da Misericórdia impele a “ver o sofrimento, a doença e a morte”.
Segundo o arcebispo de Braga, pela fé sabe-se que “o sofrimento é uma linguagem e uma mensagem”, por isso, considera que importa que para além de se decifrar “as palavras amargas” também os “silêncios e os diversos modos de comunicar”, sejam entendidos.
“É chegado o momento de construir uma nova gramática cristã para a dor. Simples, feita de palavras despretensiosas e genuínas”, acrescentou, lembrando-se “dos hospitais, das crianças enfermas e da solidão dos mais idosos”.
Na manhã desta Sexta-feira Santa, D. Jorge Ortiga visitou os 150 reclusos do Estabelecimento Prisional de Braga e os cerca de 80 de Guimarães, a quem levou um "Doce da Burrinha" e uma carta.
“Ainda há muita vida a viver e podes experimentar que nasceste para ser feliz. Alguns caminhos não conduzem à autêntica felicidade. Viver com princípios, e seguindo os valores que a sociedade nos sugere nas suas leis, será a estrada a percorrer para que o resto da tua vida seja de paz e alegria", escreveu, divulga a arquidiocese.
CB