Seul 2027: Igreja da Coreia do Sul espera que JMJ seja esperança para restabelecer contacto com os jovens

Padre Diego Cazzolato recorda passagem do Papa pelo país, há 10 anos, e deseja que encontro em 2027 devolva alegria aos jovens

Presença cristã na Coreia do Sul | Foto: Vatican Media

Cidade do Vaticano, 14 ago 2024 (Ecclesia) – O padre Diego Cazzolato, missionário da Consolata na Coreia do Sul há mais de 30 anos, espera que a Jornada Mundial da Juventude Seul 2027 ajude a combater o desânimo dos jovens e lhes devolva a alegria.

“O estado de espírito entre os jovens é de grande desânimo. Esperamos restabelecer as relações com aqueles que se perderam nos últimos anos. Precisamos de uma proposta boa e séria”, afirmou o sacerdote, em declarações publicadas pelo portal Vatican News.

Depois de Lisboa (2023), será a vez de Seul, na Correia do Sul, receber em 2027 o encontro de jovens de todo o mundo com o Papa.

Em entrevista a propósito dos 10 anos da visita do Papa Francisco à Coreia do Sul (13-18 de agosto de 2014), para a VI Jornada da Juventude Asiática, o missionário admite que os jovens, em geral, cada vez mais procuram “a verdade fora das igrejas, das paróquias, dos templos budistas”.

O padre Diego Cazzolato destaca a preocupação da juventude com o futuro, nomeadamente as dificuldades em assegurar a estabilidade económica, um problema que a comunidade cristã não consegue resolver, apesar dos esforços.

Apesar do progresso tecnológico que o país alcançou internacionalmente, o missionário refere que as novas gerações “lutam para encontrar emprego, sentem-se bastante abandonadas pelos adultos e precisam urgentemente de guias capazes para apoiá-las”.

“E devo dizer que nós, como cristãos, nem sempre somos capazes de suprir essa necessidade”, lamenta.

A viver em Daejeon desde 1988, o sacerdote recorda o momento da visita do Papa à Correia do Sul, há 10 anos.

Compromisso na paróquia |Foto: Vatican Media

“Foi muito bonito, porque alguns meses antes havia acontecido uma grande tragédia que abalou profundamente o coração dos coreanos”, refere, lembrando que um ferry, que transportava centenas de jovens estudantes, afundou-se em abril daquele ano, por razões desconhecidas, a caminho de uma ilha próxima.

O Papa evocou a compaixão e a consolação de vários pais das crianças como um ato que tocou muitos corações coreanos, alguns dos quais decidiram tornar-se católicos.

Segundo o missionário, esta “foi uma visita providencial”.

O padre explica que daqueles dias guarda um sentimento agridoce, devido à oportunidade de reconciliação das duas Coreias, que desapareceu com o tempo: “Naquela época, havia muita esperança de reconciliação entre as duas Coreias. O presidente católico que assumiu o poder naquela época fez tudo o que podia para abrir caminhos para o diálogo e oferecer oportunidades de união”.

“Há alguns anos, infelizmente, esse trabalho de consertar barreiras foi completamente destruído, especialmente pela atitude daqueles que governam a Coreia do Norte, mas também pelo governo atual, que reafirma a oposição à Coreia do Norte em vez da busca pela paz. Neste momento, eu diria que as relações estão em seu ponto mais baixo na história dos últimos 50 anos”, reconhece.

Em declarações à Rádio Vaticano, o missionário de origem italiana relata como os planos de modernização do governo, por ocasião dos Jogos Olímpicos de 1988 e do Campeonato do Mundo de Futebol de 2002, impediram o desenvolvimento da proximidade humana e espiritual com os coreanos que vivem na pobreza nos arredores de Seul.

O padre Diego Cazzolato fala que agora a missão está orientada para os “novos pobres”, expressão utilizada para identificar aos migrantes que vêm de todo o mundo em busca de estabilidade económica.

A maior parte vem das Filipinas e de outros países do Sudeste Asiático, como o Vietname, Timor-Leste, Tailândia e Camboja, bem como um grande grupo de nigerianos e alguns latino-americanos.

Há um ano, o Papa esteve na Mongólica e a presença do pontífice “suscitou entusiasmo”, ressalta o sacerdote, que acredita que este sentimento e o impulso do Papa para o diálogo serão vitais durante a sua próxima viagem apostólica ao sudeste asiático (Indonésia), dadas as diferenças culturais entre o Cristianismo e o Islão.

O missionário indica que também se encontrar a estabelecer contacto com “os líderes de outras religiões em Daejeon” e a “construir relações pacíficas com todos em busca da verdade”.

LJ/OC

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Agência ECCLESIA

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