Antigo Alto-Comissário para a Imigração diz que as irmãs estão a dar vida a um local que «tinha tudo para ser algo abandonado»
Setúbal, 13 jan 2012 (Ecclesia) – O apoio prestado pelas Escravas do Sagrado Coração de Jesus às comunidades carenciadas do Bairro Quinta da Fonte da Prata, em Setúbal, vai ser reforçado este ano com a criação da Fundação Santa Rafaela Maria.
Em entrevista à ECCLESIA, hoje disponibilizada no canal do programa no YouTube, a Provincial da congregação, irmã Maria Vaz Pinto, realça que a nova entidade jurídica vai permitir “concorrer a fundos públicos” e “celebrar contratos com entidades” que garantirão a subsistência de um projeto que serve atualmente mais de 250 famílias.
A relação de proximidade entre as religiosas e o bairro setubalense, situado na localidade da Moita, Paróquia de Alhos Vedros, começou em 1992 com a inauguração da Casa da Quinta da Fonte da Prata.
Um empreendimento que, ao longo dos anos, prestou auxílio a milhares de emigrantes, vindos de países africanos de língua oficial portuguesa e também a famílias portuguesas, que rumaram à região industrial do Barreiro em busca de trabalho e de uma vida melhor.
Entre as valências que entretanto foram sendo construídas, destacam-se programas de apoio económico a famílias vulneráveis, de promoção do voluntariado juvenil, de prevenção do abandono escolar, de proteção a crianças e jovens em risco e de formação para o trabalho.
Para Rui Marques, antigo Alto-Comissário para a Imigração e Minorias Étnicas (atual ACIDI) e que acompanhou de perto este processo, as irmãs estão a dar vida a um bairro que “tinha tudo para ser algo abandonado, à parte e à margem”.
Graças a um esforço “consistente, sério, que vai à raiz dos grandes desafios da integração social”, agora renovado em forma de Fundação, “a Fonte da Prata vai florescendo” e desbravando “caminhos”, sublinha.
Apesar da nova configuração do projeto, que segundo as irmãs permitirá agilizar a máquina burocrática e dará maior “visibilidade” ao que tem sido feito, o espírito da obra vai permanecer intacto.
A irmã Rita Cortez recorda que tudo se resume a uma atividade de “pessoas para pessoas”, enquanto que a irmã Irene Guia abre a porta a “outras populações, quando o momento chegar”.
Nascidas em Espanha, no final do século XIX, através da ação de Santa Rafaela Maria, as Escravas do Sagrado Coração de Jesus instalaram-se temporariamente em Portugal, a partir de 1931, devido à instabilidade política que afetava o país vizinho.
Uma presença que se tornaria definitiva em 1936, devido à ação do Patriarca de Lisboa.
Constituída como Província desde 1975, a instituição religiosa conta atualmente com 49 irmãs, com idades compreendidas entre os 22 e os 97 anos, de nacionalidades portuguesa e espanhola.
Além da oração e do apoio aos mais desfavorecidos, as irmãs estão ligadas à área da Educação, contando com colégios em Lisboa e no Porto.
No dia a dia, são muitos os leigos que colaboram com as religiosas, na animação de grupos de crianças e jovens, no trabalho voluntário em campos de férias ou dentro de instituições ligadas à Congregação.
PTE/JCP