Setúbal: «Que sejamos capazes de dar continuidade aos sonhos de Francisco», afirma D. Américo Aguiar

Missa

Foto Ricardo Perna/Diocese de Setúbal

Setúbal, 21 abr 2025 (Ecclesia) – O bispo de Setúbal presidiu hoje a uma Missa de Ação de Graças pelo pontificado do Papa, que se revelou “um autêntico jovem, cheio de coragem, de alegria e de determinação”, desejando que os “sonhos de Francisco” tenham continuidade.

“Fazei que sejamos capazes de dar continuidade aos sonhos de Francisco, todos eles centrados na pessoa de Jesus, que veio ao mundo para nos salvar”, afirmou o cardeal D. Américo Aguiar, recordando os vários encontros pessoais que teve com o Papa, por ocasião da preparação da Jornada Mundial da Juventude.

Pessoalmente, sinto-me órfão, como se devem sentir tantos irmãos no sacerdócio, tantos leigos e leigas que dedicam as suas vidas à vida da Igreja. Mas também sinto a enorme responsabilidade que resulta do privilégio de ter conhecido tão de perto o Papa Francisco”.

Na homilia da Missa, celebrada na Sé de Setúbal esta noite, D. Américo Aguiar recordou as primeiras palavras do Papa Francisco e o pedido que fez de oração que fez, repetido a cada momento.

«Rezem por mim». E aqui estamos reunidos em nome de Cristo, unidos à volta da Sua mesa, para agradecer o pontificado do Papa Francisco, 12 anos, que nos parecem breves – passou tudo tão depressa – mas que foi longo e extraordinariamente rico por tudo o que nos disse e fez”, afirmou.

O bispo de Setúbal recordou as “portas e janelas que abriu”, a “coerência de vida”, a “autoridade moral” do Papa “reconhecida de forma universal” e a “Esperança que nunca permitiu ser esquecida ou negada perante as crises, as maledicências, as guerras que assolam o mundo”.

Hoje rezamos, agradecidos, a vida de um dos seus discípulos, querido e respeitado por todos”, afirmou.

O cardeal D. Américo Aguiar recordou o Papa que “veio do fim do mundo” para o tornar “mais próximo, mais justo e fraterno”, que “passou por inúmeras dificuldades numa terra marcada por perseguições e violência”, que “sempre foi ao encontro dos mais frágeis”, que “celebrava a Missa nos bairros mais pobres de Buenos Aires” e que “andava de autocarro, que vivia sozinho num pequeno apartamento”.

Acredito que Deus o preparava para o pontificado, dando-lhe a força e determinação para fazer o que sentia que devia ser feito, sem se deixar manietar pelo ‘foi sempre assim’”.

D. Américo Aguiar lembrou o percurso do Papa Francisco se espelhou nas escolhas durante o pontificado, nomeadamente “viver para a casa de Santa Marta” ou “ser transportado num carro o mais simples possível”, assim como as “grandes decisões que provocaram as maiores reformas de sempre na Cúria Romana”, e também no “afastamento de Padres, Bispos e Cardeais, por razões tornadas públicas”, e o “papel de destaque que foi dando às mulheres e que progressivamente foram ocupando lugares de grande responsabilidade no Vaticano”.

O Papa recordou a preparação e a realização da “inesquecível” Jornada Mundial da Juventude, em Portugal, onde sãos jovens de um país inteiro se juntaram “jovens de todo o mundo” para uma “semana única de comunhão e graça.

“A expressão ‘0todos, todos, todos’ tornou-se uma referência e abriu as portas às mais distintas realidades da vida atual, expressando assim e de forma inabalável a convicção de que, na Igreja, há lugar para todos sem exceção”, sublinhou.

Tal como aconteceu com muitas e muitas pessoas, senti a alegria e a ternura do abraço do Papa. Este abraço assegurava que não estava sozinho, que não estamos sozinhos. E agora que já não o poderemos abraçar de novo, nem escutar as suas palavras claras, sempre oportunas, muitas vezes cheias de humor, continuemos a rezar pelo Papa Francisco”.

D. Américo Aguiar evocou a “geração dos que tiveram o privilégio de conhecer um verdadeiro discípulo de Jesus”, o Papa Francisco, “um homem que passou pela Terra fazendo o bem”.

“Que este exemplo de vida nos ajude a viver de um modo novo, ao jeito Pascal, capazes de em tudo fazer o bem e em tudo providenciar a Paz”, afirmou.

O Papa faleceu hoje, na Casa de Santa Marta, onde se encontrava em convalescença desde 23 de março, após um internamento de 38 dias no Hospital Gemelli, devido a problemas respiratórios.

O anúncio foi feito pelo cardeal camerlengo, D. Kevin Farrell: “Queridos irmãos e irmãs, é com profunda dor que devo anunciar a morte do nosso Santo Padre Francisco. Às 07h35 desta manhã, o Bispo de Roma Francisco regressou à casa do Pai. Toda a sua vida foi dedicada ao serviço do Senhor e da sua Igreja”.

PR

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