Setúbal: «Numa Igreja sinodal acabou a ideia do catolicismo em part-time» – Octávio Carmo

Paróquia da Charneca da Caparica promoveu debate sobre o sínodo com o vaticanista da Agência Ecclesia

Setúbal, 24 fev 2024 (Ecclesia) – Octávio Carmo, chefe de redação e vaticanista da Agência ECCLESIA, afirmou numa conferência na Charneca da Caparica, que processo sinodal está a ser “revolucionário” na Igreja e acaba com a “ideia do catolicismo em part-time”.

“Numa Igreja sinodal, acabou a ideia do catolicismo em part-time, em que vou à Eucaristia e volto para casa”, afirmou o jornalista no encontro que decorreu no salão paroquial da Igreja de Nossa Senhora da Rosa, que assinalou o início da segunda fase do processo sinodal na paróquia da Charneca de Caparica, na diocese de Setúbal.

Para Octávio Carmo, “este processo sinodal é uma proposta revolucionária” e “o Papa está a criar estruturas para que Roma ouça o mundo”.

O jornalista vaticanista considera que “o processo sinodal existe para que a igreja do século XXI seja uma Igreja participativa, em que todos se sintam responsáveis”.

Octávio Carmo considera que um dos desafios que se colocam às comunidades locais e às dioceses é saber se “a proposta espiritual” se adequa às “pessoas que pretende alcançar”.

“O sínodo falou de anseios precisos da humanidade aos qual é preciso dar resposta”, indicou, fazendo notar que “é importante perceber que a Igreja sinodal é uma Igreja em escuta constante”.

Sobre os processos de liderança e decisão, Octávio Carmo referiu que o sínodo aponta para “novos modelos” que incluam pessoas que têm estado mais afastadas, nomeadamente as mulheres.

“A Igreja nunca mais vai poder falar em momentos destes sem ouvir as mulheres”, afirmou, lembrando que “a maior parte da Igreja Católica é constituída por mulheres” e que não basta mudar de pessoas, mas agir

“Quem está à frente da comunidade católica, leigo ou sacerdote, homem ou mulher, se não exercer o ministério numa perspetiva de serviço. Não é importante quem está, porque o problema de fundo mantém-se”, sustenta.

De acordo com um comunicado enviado à Agência ECCLESIA, o processo sinodal na Paróquia da Charneca de Caparica proporcionou a escuta de 850 pessoas, na primeira fase, tendo em vista o relatório da Diocese de Setúbal e constituiu também uma oportunidade para “muitos dos movimentos paroquiais fazerem o seu próprio relatório interno”.

Para o padre Francisco Mendes, pároco da Charneca da Caparica, que promoveu a realização desta conferência, “é importante que toda a gente perceba o que tem sido a dinâmica do sínodo até agora e as questões e desafios que se têm colocado aos participantes”.

Considerando “a primeira fase bastante participada” na paróquia, o sacerdote diz que “houve frutos de diálogo e reflexão que se aprofundaram nestes dois anos, e que importa agora consolidar e aproveitar para chegar a uma consciência de participação mais vincada, que não seja apenas de um momento, mas permanente”.

O conferencista sublinhou também a importância das consequências do processo sinodal no modelo de funcionamento das paróquias, apontando para a necessidade de ir “ao encontro das pessoas”.

 “É preciso repensar o modelo de paróquia, porque o modelo que existe é medieval. Este modelo imóvel que chamamos paróquia tem se mudar para algo móvel, que vá ao encontro das pessoas”, afirmou.

A Paróquia da Charneca da Caparica, na segunda fase do processo sinodal, vai promover, no seguimento das indicações da Secretaria Geral do Sínodo, a escolha de algumas propostas para serem implementadas na paróquia, e o Conselho Pastoral vai “despoletar uma reflexão sobre algumas das propostas, a fim de que, em assembleia paroquial sinodal, se possa refletir sobre alguns dos pontos pedidos pela Diocese de Setúbal, a fim de poderem enviar o seu contributo para a redação da nova síntese que seguirá das dioceses para a Conferência Episcopal Portuguesa, que fará chegar à Secretaria Geral do Sínodo essas mesmas conclusões”, conclui o comunicado.

PR

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