Setúbal: Investimentos anunciados para a região «não podem morrer na praia»

D. Américo Aguiar apelou na homilia da Missa que assinalou os 50 anos da criação da diocese ao consenso nas autarquias e a uma Igreja que «não fale de cima»

Foto Diocese de Setúbal/Ricardo Perna

Setúbal, 26 out 2025 (Ecclesia) – O bispo de Setúbal afirmou hoje que Igreja deve continuar a ser “oficina de esperança”, apelou ao consenso nas autarquias que permitam a “governabilidade dos executivos” que vão iniciar funções e à concretização dos investimentos anunciados para a península.

Na homilia da Missa que assinalou os 50 anos da criação da diocese, o cardeal D. américo Aguiar disse que “os sonhos que se poderão concretizar com o novo enquadramento dos Fundos Comunitários para apoio ao desenvolvimento da Península não podem ‘morrer na praia’”

“Juntos, todos, todos, todos, devemos sonhar e abrir os novos caminhos que os anunciados investimentos do Estado para a Península podem proporcionar de tantos sonhos e vidas realizadas para as nossas populações, o grande projeto ‘Parques Cidades do Tejo’, aeroporto Luis de Camões, novas travessias do Tejo, as 26 mil habitações, requalificação de áreas industriais e expansão da rede de transportes públicos… Tudo isto pode de verdade ser uma realidade”, afirmou.

O bispo de Setúbal lembrou que se trata de um plano “a 50 anos” e disse acreditar, nomeando o ministro das Infraestruturas e Habitação, Miguel Pinto Luz, presente na celebração, que, no centenário da diocese, em 2025, “tudo isto pode ser realidade, fruto do trabalho, do empenho e dedicação de todos”.

Que tudo se possa concretizar em razão das pessoas”.

O cardeal D. Américo Aguiar dirigiu-se também aos presidentes de câmara da região, apelando “aos consensos e concertações necessárias ao pleno funcionamento da CIM – Comunidade Intermunicipal da Península de Setúbal”.

Foto Diocese de Setúbal/Ricardo Perna

“Esse consenso e essa concertação tem de começar desde já na governabilidade dos executivos municipais que iniciarão funções em breve. Os nossos os vossos eleitores não vos perdoarão se assim não for”, afirmou.

Referindo-se à presença da Igreja Católica na Diocese de Setúbal, D. Américo Aguiar disse que “foi — e deve continuar a ser — oficina de esperança”, nas “escolas e nas famílias, esperança nas fábricas e nos hospitais, esperança nas prisões, esperança nas praças, esperança nas comunidades que não desistem de amar”.

“Porque há em Setúbal uma fé teimosa — uma fé que não se resigna, que é determinada, corajosa e solidária”, afirmou

Mesmo quando a pobreza fere, a solidão pesa, a violência entristece — há sempre alguém que se levanta, que acredita, que recomeça. E esse alguém leva outros, arrasta, contagia”.

O bispo de Setúbal disse que “celebrar cinquenta anos não é fechar um livro — é abrir um novo capítulo”, apelando a “ser uma Igreja em saída, sinodal, de mãos dadas com todos os homens e mulheres de boa vontade”.

“Uma Igreja que não fala de cima, mas caminha ao lado. Uma Igreja que não separa, mas reconcilia. Uma Igreja que sonha com os poetas, que luta com os trabalhadores, que educa com os professores, que consola com os enfermeiros, que anima com os jovens e que aprende com os idosos”, sublinhou.

O cardeal D. Américo Aguiar alertou para o risco de uma “pastoral de manutenção”, que continua a “fazer o mesmo, aguardando resultados diferentes”, afirmando que “seria insanidade”.

Estou convicto de que algumas das estruturas centenárias que ainda subsistem estão a asfixiar a capacidade do Anúncio da Boa Nova. E estou igualmente convicto de que salvarmos o povo de Deus e os seus pastores é prioritário em detrimento da preservação das estruturas”.

A celebração dos 50 anos da criação da Diocese de Setúbal iniciou com uma homenagem ao primeiro bispo de Setúbal, D. Manuel Martins, com a deposição de flores junto à estátua que está no exterior da cátedral pelo presidente da Républica, o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa e o chefe da Região Sadina do Corpo Nacional de Escutas.

“As flores ali entregues representam-nos a todos”, afirmou.

D. Américo Aguiar lembrou também o “arquiteto da nova diocese”, o cónego João Alves, que foi vigário episcopal de Setúbal entre 1966 e a criação da diocese, em 1975, e agradeceu a presença dos anteriores bispos, D. Gilberto Reis durante 17 anos e D. José Ornelas durante 7 anos.

No fim da celebração, a diocese assinalou o segundo aniversário do ministério episcopal em Setúbal de D. Américo Aguiar, e homenageou seis padres “dos primeiros momentos – os monsenhores José Lobato, Manuel Ramalho e José Gusmão, e os padres Carlos Póvoa Alves, Fernando Belo e José Augusto Pereira -, e os leigos “de particular empenho e dedicação” no cinquentenário, nomeadamente Mário da Silva Moura e Eugénio Fonseca.

Antes de concluir a celebração, o presidente da República agradeceu, “em nome de Portugal”, a “determinação e a coragem” de Paulo VI de criar a Diocese de Setúbal  e a todos os que “fizeram os 50 anos da história”, lembrando o primeiro bispo, D. Manuel Martins, que considerou “um profeta”.

“Mais do que uma figura da Igreja, mais do que um bispo, era um profeta”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa, acrescentando que “o mesmo sopro profético” se projeta no atual bispo, D. Américo Aguiar, nos “desafios do presente e do futuro”

PR

Partilhar:
Scroll to Top